Em declarações à chegada a uma cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), para começar a discutir o processo de nomeações para os mais altos cargos institucionais da União na sequência das eleições europeias, António Costa argumentou que “o executivo da União Europeia é a Comissão e, portanto, seria estranho que o presidente da Comissão não fosse alguém, como tem sido sempre, que tenha uma sólida experiência executiva, e de preferência ao nível nacional e ao nível europeu”.
Segundo Costa, Timmermans, o “candidato principal” (‘Spitzenkandidat’) dos Socialistas Europeus, “preenche perfeitamente estes critérios”, pois “tem uma grande experiência ao nível governativo na Holanda” (foi ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2012 e 2014), “tem uma grande experiência na Comissão Europeia”, pois ocupou nos últimos cinco anos o cargo de primeiro vice-presidente, e “é uma pessoa que facilmente reúne consensos e consegue organizar uma boa equipa e unir todos em torno de um programa comum”.
Já o ‘Spitzenkandidat’ do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber, “de facto não tem essas características”, considerou.
Questionado sobre o apoio da chanceler alemã a Weber, hoje reiterado, o primeiro-ministro comentou que o que “seria estranho” era que Angela Merkel “não apoiasse o candidato da sua família política”.
“Mas, é por isso que nós nos reunimos a 28, e não reúne apenas a senhora Merkel”, ironizou.
Garantido que, ao definir a experiência executiva como requisito para a presidência do executivo comunitário, “não se trata de eliminar ninguém”, António Costa sublinhou que também é importante “respeitar aquilo que é a posição do Parlamento Europeu, que hoje foi muito claro” em defender que a nova Comissão Europeia deve ser liderada por um dos “candidatos principais” apresentados pelas diferentes famílias políticas às eleições europeias, e manifestou-se convicto de que não é difícil encontrar a pessoa com o perfil adequado entre os ‘Spitzenkandidaten’.
Confrontado com o nome de Margrethe Vestager (Liberais), António Costa admitiu que a atual comissária europeia da Concorrência e antiga vice-primeira-ministra e ministra da Economia da Dinamarca, embora não seja a sua candidata, é igualmente alguém com “boa experiência executiva”, quer a nível nacional, quer europeu, pelo que “preenche também os critérios”.
António Costa considerou, todavia que, mais do que falar de nomes, “a prioridade de hoje” dos líderes deve ser fixarem-se “numa nova agenda estratégica, para responder àquilo que são as principais prioridades que os cidadãos claramente sinalizaram nestas eleições”, centrada em “mais e melhores empregos, enfrentar as alterações climáticas, combater as desigualdades, estabilizar a União Económica e Monetária, construir uma agenda estratégica para o relacionamento com África, aumentar o investimento na inovação e gerir melhor as migrações”.
“E, é com base nessa agenda estratégica, que anseio construir uma plataforma progressista e democrática que permita assegurar uma maioria estável, quer no Conselho [Europeu], quer no Parlamento Europeu, e que permita eleger uma nova Comissão cujo presidente deve ser alguém que tenha uma forte experiência executiva, quer ao nível nacional, quer ao nível europeu”, disse o primeiro-ministro, que hoje prosseguiu, num almoço de trabalho, e acompanhado pelo presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchez, as discussões com líderes liberais, como o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro belga, Charles Michel.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia estão hoje reunidos em Bruxelas, num jantar de trabalho informal, para começar a discutir as nomeações para os mais altos cargos institucionais da UE na sequência das eleições europeias.
A reunião tem lugar menos de 48 horas após o encerramento das urnas e é um sinal claro de que o objetivo é tentar chegar o mais cedo possível, já em junho, a um compromisso sobre quem liderará nos próximos anos as instituições europeias, como explicou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, cujo posto é um dos que irá “mudar de mãos” na sequência das eleições europeias.
As designações deverão ser negociadas, como é hábito, como um “pacote”, já que as nomeações para os cargos institucionais de topo na Europa – que incluem presidências do Parlamento, Comissão e Conselho, cargo de Alto Representante para Política Externa e até liderança do Banco Central Europeu (BCE) - devem obedecer a equilíbrios políticos, mas também geográficos, demográficos e de género.
O Conselho Europeu deverá tomar uma decisão final sobre o(s) nome(s) a apresentar na cimeira de 20 e 21 de junho, podendo o futuro (ou futura) presidente da Comissão ser eleito pelo “novo” Parlamento Europeu no mês seguinte.
[Notícia atualizada às 18:48]
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