Nas eleições europeias de 2014, Avis, no distrito de Portalegre, registou uma taxa de abstenção de 49,66%, sendo um dos quatro concelhos do país que ficou abaixo da fasquia dos 50%. Votaram 1.910 eleitores de um universo de 3.794 inscritos, segundo dados da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna.

Como acontece desde as primeiras eleições, após o 25 de Abril de 1974, os comunistas, em coligação com o Partido Ecologista “Os Verdes”, voltaram a vencer com 51,10% (976 votos).

Ao longo dos anos, os fundos comunitários têm também beneficiado aquela zona do Alto Alentejo, nomeadamente na reabilitação de espaços públicos e devolutos, tendo o município recebido como comparticipação da União Europeia entre 2014/2020 mais de 990 mil euros.

Dulcínia Pereira, de 45 anos, funcionária pública e residente em Aldeia Velha, no concelho de Avis, defende que o voto deveria ser “obrigatório”, sublinhando, com orgulho, que participa “em todas” as eleições.

“As pessoas estão consciencializadas que é importante votar. Avis é um concelho em que a maioria é CDU, sem dúvida, e acho que as pessoas, nesse sentido, acham que é um dever, é mais um contributo para o nosso país”, explica à agência Lusa.

Em relação aos apoios comunitários, Dulce Pereira destaca que Avis deveria ser “mais” beneficiada, reconhecendo, no entanto, algumas obras como a transformação de uma antiga fábrica na atual Biblioteca Municipal José Saramago.

Joana Gonçalves reside em Avis há 15 anos e também votou nas últimas eleições europeias, segundo diz à Lusa, para “tentar reverter” o que não é dado à região.

Para esta costureira, de 63 anos, as pessoas do concelho vão votar porque são “muito partidárias” e o direito ao voto foi uma das conquistas de Abril de 1974.

Também Rui Jorge Ramos tem por hábito votar em todas as eleições e, para este comerciante de 77 anos, a ligação do PCP a Avis é uma das “causas possíveis” que pode levar os eleitores às urnas.

Já Leonor Xavier, que reside há mais de 30 anos em Avis e é militante do PCP desde 1976, revela à Lusa um pouco do “segredo” do sucesso dos comunistas no concelho, que passa pelo contacto direto e permanente com o eleitorado.

“O contacto direto que se tem com as pessoas em todas as campanhas eleitorais, incluindo as do Parlamento Europeu é sempre feito, nesse caso concreto da CDU, com a entrega de documentos porta a porta em todas as freguesias”, diz.

Por outro lado, recorda que houve pessoas em Avis que “sofreram muito” no tempo da ditadura, sublinhando que foi um concelho que teve “muitos presos políticos” e esse legado de sofrimento foi transmitido às novas gerações, que foram assim alertadas para a importância do voto.

Para a comunista, Avis não tem sido um dos concelhos que mais apoios comunitários tem recebido, considerando que “não é por aí” que estão os verdadeiros motivos que levam as pessoas a deslocarem-se às urnas.

Leonor Xavier, que está aposentada, sublinha a forma como a CDU esclarece o eleitorado sobre a importância de cada ato eleitoral, mas lamenta, no entanto, que exista nesta altura uma outra franja da população que desconhece que vão decorrer eleições europeias este mês.

O presidente da Câmara de Avis, Nuno Silva, afirma que o concelho é de “Abril” e que o voto é “uma arma” que a população possui, independentemente do partido em que vota.

Para o autarca comunista, o PCP tem vencido todas as eleições no concelho desde 1974 pelo trabalho desenvolvido junto da população e pelo “contacto direto” com os habitantes, antes e no decorrer das campanhas eleitorais, escutando os seus problemas.

Em relação aos fundos comunitários, o autarca afirma que “gostaria” de receber mais apoios por parte da União Europeia, sublinhando que Avis poderia ser “muito mais” se tivesse outro tipo de fundos e de meios financeiros.

*Por Hugo Teixeira, da agência Lusa

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