“É necessariamente, creio eu, inevitável que se discutam casos domésticos, casos do país, porque as políticas europeias interferem diretamente naquilo que são casos domésticos e casos do país”, disse Marisa Matias aos jornalistas no Tribunal Constitucional, em Lisboa, depois da entrega da lista do partido com os candidatos que irão apresentar-se ao sufrágio de 26 de maio.

A primeira candidata da lista bloquista notou que, “muitas vezes essa ligação não é feita, mas é inevitável que essa discussão venha a acontecer”.

“Agora, também gostava muito que esta campanha servisse para nós podermos ser avaliadas e avaliados pelo trabalho que fizemos”, referiu a também eurodeputada, mostrando-se “muito disponível para ser sujeita a uma avaliação do trabalho” feito em Bruxelas.

Quanto aos objetivos do partido para esta eleição, Marisa Matias salientou que será “reforçar a representação”.

“Em relação a quantos, ou a quantas deputadas vamos ter, isso é uma decisão que cabe ao povo português. Esperamos merecer a confiança, mas não sou eu que vou colocar números”, salientou.

Questionada se esta eleição terá uma leitura interna, Marisa Matias notou que “todas as eleições têm uma leitura interna”.

“Eu acho que nos enganamos a nós próprios se acharmos que não. O que é fundamental é que as pessoas percebam que grande parte do que as afeta no dia-a-dia […] resulta diretamente de muitas das imposições que vêm de Bruxelas, e às quais não se fez frente”.

Já sobre a ausência do candidato socialista, Pedro Marques, assinalada na quarta-feira pela direita, Marisa Matias não quis comentar “aquilo que são as opções políticas ou as escolhas das caras que apresenta cada um dos partidos políticos”.

“Não comento, e nunca comentei, não é agora que vou começar a fazer”, referiu, acrescentando que, na sua opinião, o resultado da atuação de PS, PSD e CDS-PP a nível europeu “não é bom”.

A cabeça de lista do BE considerou também que “a geringonça é precisamente um bom exemplo da forma como, quando se quer confrontar e lutar pelos direitos das pessoas, pela dignidade da vida das pessoas, se consegue melhores resultados”.

“Obviamente foi um acordo que foi limitado, não chegou aquilo que seria necessário, mas foi quando, por exemplo, enfrentámos Bruxelas contra a posição que tinha de não permitir o aumento da salário mínimo, que se conseguiu algum ganho para este país, e que a Comissão Europeia veio mais tarde reconhecer que tinha sido uma boa medida”, defendeu.

Por isso, Marisa Matias considerou “inevitável que isso esteja também em jogo nestas eleições, que é o que está mais próximo das pessoas”.

“Agora, quando estamos a falar de política europeia, não estamos a falar de nenhuma abstração, estamos a falar de Estado social, estamos a falar de emprego, estamos a falar de uma necessidade urgente de um combate às alterações climáticas e é dessa realidade concreta que estamos a falar, obviamente estando em jogo também essa avaliação”, vincou.

Na opinião da candidata, “há um reconhecimento claro de que, aquilo que melhor funcionou, foi o resultado do acordo e não do que estava inscrito no programa económico inicial do Partido Socialista”.