Em declarações a jornalistas em Bruxelas, Nuno Melo deplorou os casos de corrupção que pairam sobre os governos maltês e romeno, considerando que aquilo a que se assiste hoje na Roménia (país que preside à União Europeia) é ainda mais grave do que a situação que se vive na Hungria, pelo que estranha que sobre estes casos o PS tenha dito “zero”, quando condena reiteradamente o governo húngaro de direita liderado por Victor Orbán.

“Chega a ser quase paradoxal perceber Pedro Marques, que foi um homem forte do Governo de José Sócrates, que foi quase um «número dois» de um Governo de José Sócrates, vir aqui invocar razões de princípio a propósito do Fidesz (partido de Orbán) e a propósito da Hungria, e calar completamente em relação aos casos de corrupção que se encontram na Roménia, ou que justificaram o assassinato de jornalistas na Eslováquia e o homicídio de jornalistas em Malta”, apontou, referindo-se também ao caso que levou à queda do governo socialista eslovaco de Robert Fico.

Em relação à Roménia, o deputado democrata-cristão apontou que o governo socialista pretende aproveitar estar no poder para fazer passar leis de amnistia e assim “impedir que, entre outras coisas”, o líder do seu partido, Liviu Dragnea, “seja julgado e eventualmente condenado, com respeito pelo contraditório, pela apropriação de 21 milhões de euros de fundos europeus, depois de já ter sido condenado por uma fraude eleitoral que o impediu de ser ele próprio primeiro-ministro da Roménia”.

Por isso, Nuno Melo diz que “o desafio que se lança ao PS, ao dr. António Costa, como secretário-geral, mas principalmente ao dr.Pedro Marques, como cabeça-de-lista do PS às eleições europeias”, é que sejam “inequivocamente” críticos, tal como o CDS-PP tem sido relativamente a Orbán, e como já foi, relativamente a Malta e Roménia, a eurodeputada socialista Ana Gomes, “excluída das listas” às eleições de maio próximo, apontou.

Nuno Melo lembrou que “a deputada Ana Gomes tomou posição mais que uma vez” e “condenou o que se passava na Roménia e Malta”, e, escusando-se a “estabelecer uma relação" entre o combate da deputada à corrupção em governos socialistas europeus e a sua exclusão da lista do PS, observou que, “neste momento, a dra. Ana Gomes foi excluída das listas, é um facto”.

“É para mim relevante tentar perceber se o dr. António Costa e o cabeça de lista do PS às eleições Europeias, Pedro Marques, estão disponíveis para, em relação à Roménia e em relação a Malta, tomarem a mesma posição que uma outra socialista, que hoje não está nas listas, antes de si já tomou”, comentou.

Segundo Melo, “durante esta pré-campanha”, tem-se ouvido muito Pedro Marques, e também António Costa, referirem-se muitas vezes ao caso da Hungria, “pela simples circunstância de se tratar de um governo de direita na Europa”.

“Ora, estes governos socialistas romeno e maltês representam na Europa o pior que a democracia pode gerar, porque dinamitam todos os dias os alicerces dos Estados de direito e do projeto europeu. E porque pertencem à Internacional Socialista, e o dr. António Costa e Pedro Marques têm a pretensão de ser os representantes da Europa em Portugal, então o repto que lanço é que para, de forma cristalina, inequívoca, repudiem e condem o que se está a passar na Roménia e em Malta”, reforçou o vice-presidente do CDS-PP.

Melo insistiu que o CDS-PP foi um dos partidos que tomou a iniciativa de exigir a Victor Orbán que se comprometa claramente com os valores fundacionais do Partido Popular Europeu (PPE), sob pena de o seu partido, o Firesz, ser suspenso ou expulso desta família política.