Em declarações à agência Lusa, João Oliveira afirmou ter visto “com alguma surpresa, mas com pouca estranheza” a recusa do PS e da AD em participar no modelo proposto pelas televisões que previa 28 frente a frente com os candidatos às europeias de 09 de junho.
“Percebe-se que o PS e a AD não queiram confrontar-se com o escrutínio a que naturalmente as suas posições terão de ser sujeitas. Julgo que esta tentativa de recusar debates e o confronto com os seus adversários políticos tem verdadeiramente por trás a dificuldade ou incapacidade de se confrontarem com as responsabilidades que tem de assumido no Parlamento Europeu ao longo dos anos”, considerou.
Para João Oliveira, nem o PS, nem a Aliança Democrática (AD) querem “deixar às claras” as suas posições para que “as pessoas não censurem os prejuízos que resultarão para as suas vidas e para o futuro do país”.
Ainda assim, o cabeça de lista do PCP espera que os dois partidos mudem de posição e que permitam o “confronto de posições, propostas e visões sobre o futuro do país, que está em causa nestas eleições ao Parlamento Europeu”.
Defendendo que o contacto direto com o eleitorado e a mobilização nas ruas têm “um papel preponderante” para as forças políticas, João Oliveira disse, no entanto, não poder ignorar “o contributo” dos debates televisivos para a clarificação de posições de cada partido.
“Não absolutizando a forma de fazer campanha apenas nos debates televisivos, não menosprezamos o contributo que esses debates podem dar para o esclarecimento e clarificação”, referiu.
A manter-se a recusa do PS e AD, João Oliveira defendeu que tal irá prejudicar a mobilização do eleitorado, sobretudo porque as europeias “são sempre eleições com menos participação do que outras”.
“Furtar-se ao debate político e ao confronto com as outras forças políticas naturalmente não dá um bom contributo para a mobilização que é preciso fazer dos portugueses nestas eleições para o Parlamento Europeu”, considerou.
De acordo com o jornal Expresso, o PS e a Aliança Democrática (AD) recusaram o modelo de debates proposto pela RTP, TVI e SIC para as eleições europeias de 09 de junho, no qual estavam previstos 28 frente a frente entre os cabeças de lista dos partidos com representação na Assembleia da República.
Estas forças políticas alegaram tratar-se de um número elevado de duelos, que afetaria a campanha eleitoral, e admitiram aceitar um calendário mais leve.
Em declarações aos jornalistas no final da Comissão Nacional do PS de hoje, o líder socialista afirmou que o seu partido tem que “fazer campanha na rua, no território, com as pessoas” e não passar “o tempo todo em debates e em comentários de debates”.
À semelhança do PCP, também a cabeça de lista do BE às eleições europeias, Catarina Martins, acusou hoje PS e PSD de quererem esconder os seus candidatos por terem rejeitado o modelo de debates proposto, e insistiu nos frente a frente.
Também o líder da IL, Rui Rocha, acusou estes dois partidos de infligirem “um ataque à democracia” por estarem a “tentar impedir” a realização de debates sobre as eleições europeias com todos os partidos.
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