“Eu optei por ir à mesa eletrónica porque é mais fácil. Escolhemos logo ali, e é como a gente ir ao multibanco levantar dinheiro, é quase igual”, afiançou à agência Lusa Luísa Brito, de 65 anos, eleitora em Viana do Alentejo.
A habitante desta sede de concelho, a 30 quilómetros de Évora, que falava à Lusa depois de votar na assembleia de voto, composta por duas secções com mesas tradicionais e uma secção com mesa eletrónica, ainda teve dúvidas sobre se iria experimentar o projeto-piloto, mas arriscou.
“Disseram-me que a eletrónica era fácil e realmente até foi, gostei. Aparece tudo no ecrã, carregamos lá onde queremos, confirmamos, sai o papelinho que dobramos e metemos também na urna”, explicou, admitindo gostar “das novas tecnologias” e de “evoluir”, e de já “há muito tempo” efetuar “os pagamentos todos por multibanco”.
Os cartões “são o futuro” e é tudo “muito mais seguro”, sublinhou, corroborada por João Realista, de 60 anos, também eleitor em Viana do Alentejo que, tal como a esposa, votou na mesa eletrónica.
“Fui o votante número 100”, disse à Lusa, ao final da manhã, confirmando que o processo “foi simples”, e que há que “acompanhar estas evoluções e as estas tecnologias”.
“E ser hoje ou ser amanhã, porque não já hoje? E já está”, argumentou, consciente de que, nestas primeiras vezes, o sistema “ainda terá as suas condicionantes”, mas, depois, “isto vai ser como beber um copo de água”.
Os dados do Ministério da Administração Interna (MAI) indicam que o projeto-piloto de voto eletrónico decorre hoje em 23 freguesias dos 14 concelhos do distrito de Évora, abrangendo 136.912 eleitores recenseados para as Europeias 2019.
De um total de 232 mesas de voto no distrito, 50 delas são eletrónicas (de adesão voluntária e onde se vota com redundância, ou seja, por computador e por papel que é colocado na urna), sendo as outras convencionais, com votação só através do boletim em papel, acrescentou o MAI.
Na cidade de Évora, na assembleia de voto no Colégio Luís Verney, com uma mesa de voto tradicional e outra eletrónica, durante a manhã, esta última registou problemas, durante alguns minutos.
“Houve uma pequena paragem para desligar e voltar a ligar. Como é normal nestas questões da tecnologia, a melhor forma de tentar resolver um problema é sempre desligar e voltar a ligar, por isso, suspendemos a mesa, fizemos ‘reset’ a todos os dispositivos, e voltámos a funcionar normalmente”, disse à Lusa o presidente da mesa eletrónica, Natanael Vinha, frisando que a votação “parou durante cinco ou seis minutos”.
Segundo o responsável, “há pessoas de todas as faixas etárias a escolherem votar na mesa eletrónica”, mas essa decisão também tem muito de estratégia: “Escolhem a mesa que tem menos fila. Há alturas em que é a tradicional, que é mais rápida, e há outras em que é a eletrónica”.
Nesta assembleia de voto, Luísa Silva nem hesitou em optar pela votação eletrónica, porque “a tendência para o futuro” é esta, e quis “começar a exercitar”, mas Manuel Pingarilho votou na tradicional por descuido: “Quando aqui cheguei nem me lembrei disso, senão tinha ido”.
Na Escola Secundária André de Gouveia (ESAG), igualmente na cidade de Évora, o eleitor Manuel Branco experimentou o projeto-piloto, que nem lhe pareceu “difícil”, mas confessou algumas apreensões e, para “muitas pessoas” que conhece, “sem ajuda não vão lá”.
“Estamos a delegar no ‘big brother’ aquilo que já parecia um sistema que, não diria que tinha atingido a perfeição, mas que tinha uma segurança muito grande. Agora, não sei se vai bater tudo certo e se a tendência disto não será uma simplificação tal que vai alhear muita gente do processo eleitoral”, afirmou.
Novamente em Viana do Alentejo, Francisco Miguel, de 60 anos, não cronometrou o tempo que passou a votar de forma eletrónica, mas “não levou mais de que um minuto”, e achou o processo “igual a preencher o boletim de voto”.
“É ela por ela. [O sistema] tem o boletim de voto no ecrã, marcarmos o que queremos, sai o papel, dobramos, metemos na urna e vamos embora. Acho seguro e, se no futuro não houver papel, ainda será melhor, sempre se poupa mais qualquer coisa”, opinou.
A ouvir a conversa, António Joaquim Lopas, de 52 anos, é que não parece mais convencido. Votou na mesa tradicional e deixou uma eventual experiência para umas próximas eleições: “Não percebo nada disso, então pedi o papelinho, fiz a cruzinha e vim-me embora. Fica para a próxima, pode ser que tenha mais vagar”.
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