"Do ponto de vista político, o parlamento é o espaço para o fazer [decidir] porque tem legitimidade, mas este parlamento não tem mandato", defendeu Assunção Cristas no encerramento de um debate promovido pelo CDS-PP sobre a eutanásia, que decorreu na Junta de Freguesia de Alvalade, em Lisboa.
A líder centrista encara, contudo, um referendo com reservas, argumentando que "a simplificação é redutora, empobrece" e "induz uma resposta", e prometeu trabalhar para fazer ouvir os argumentos contra a eutanásia, mesmo que isso não dê votos.
"Nesta matéria, a parte dos votos é o que menos interessa", declarou, arrancando um aplauso da sala.
Assunção Cristas argumentou que a Assembleia da República não dispõe de mandato para legislar sobre a eutanásia porque "nenhum partido colocou preto no branco no programa eleitoral" esta matéria, com exceção do PAN (Pessoas-Animais-Natureza).
"Há um compromisso com os eleitores que se faz nos programas eleitorais, a não ser no caso do PAN", vincou.
No debate participaram a deputada e médica de cuidados paliativos Isabel Galriça Neto, o comentador e escritor Henrique Raposo, e João Franco Reis, consultor de comunicação, que prepara uma tese sobre Ética, tendo havido depoimentos do médico canadiano luso-descendente José Pereira e de Alex Schadenberg, diretor da organização Euthanasia Prevention Coalition.
Henrique Monteiro e João Franco Reis salientaram a dificuldade da posição contrária à eutanásia fazer-se ouvir no debate público.
Para a presidente do CDS-PP, "esta não é uma batalha perdida" mas é "muito difícil, está muito enviesada, é muito fácil puxar para o outro lado".
"Há muita gente com vontade de perceber, se calhar há uma maioria silenciosa, diferente d opinião publicada", disse Assunção Cristas, que salientou não ver "nenhuma urgência neste tema".
"Mesmo aqueles que são a favor, muitos partilham desta visão", salientou, relativamente a essa ausência de urgência na sociedade portuguesa.
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