“Corri e corri e corri numa superfície gelada até chegar à primeira cidade [norueguesa] e pedir ajuda”, contou o veterano Andrei Medvedev.
Como indica num vídeo enviado à organização russa de defesa dos direitos humanos Gulagu.net - que mostrou as imagens no canal Telegram -, o ex-comandante do grupo Wagner conseguiu fugir da Rússia no dia 12, entrando na Noruega através da fronteira na cidade fronteiriça de Nikel, na região de Murmansk.
Medvedev pediu asilo político e proteção internacional e conseguiu ser alojado num centro para infratores das leis migratórias.
“Estou muito feliz por estar na Noruega e pelo tratamento que me deram”, garantiu.
Esta é a primeira vez desde o início da campanha militar russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro, que um ex-comandante de uma das unidades paramilitares do grupo Wagner, muito presente no leste ucraniano e acusado de ter matado milhares de ucranianos, foge da Rússia para a Europa.
Medvedev, que serviu no destacamento de assalto Wagner, concordou em testemunhar e expor o fundador do grupo mercenário, Yevgeny Prigozhin, acrescentou a Gulagu.net.
“Espero que o meu depoimento seja fundamental para a investigação sobre [o grupo] Wagner”, referiu o ex-combatente.
No início de dezembro de 2022, o ex-comandante Wagner recorreu à Gulagu.net e ao seu fundador, Vladimir Osechkin, para pedir ajuda e evitar represálias extrajudiciais.
Medvedev deixou de combater pelo grupo Wagner assim que acabou o seu contrato de quatro meses, assinado em 6 de julho de 2022.
“Durante esses meses [em que fez parte do grupo paramilitar], foi testemunha ocular de muitas execuções dos chamados ‘refuseniks’, aqueles que se recusaram a lutar contra os ucranianos e quiseram deixar o grupo mercenário”, lembrou a Gulagu.net.
“Depois de Medvedev ter deixado o grupo Wagner, o próprio Prigozhin e o seu serviço de segurança tomaram medidas para capturar Andrei”, acrescenta a organização, que sustenta que o ex-comandante pode agora dar um testemunho detalhado que pode ser usado como parte de uma investigação.
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