Posições assumidas pela “número dois” da lista europeia do PS numa conversa com a agência Lusa, depois de questionada se entende que desfalcou o Governo português ao deixar as pastas da Presidência e da Modernização Administrativa para se candidatar agora a eurodeputada nas eleições de 26 de maio.
“Não penso que tenha desfalcado o Governo, ninguém é insubstituível no Governo. Acho que me orgulho muito daquilo que fiz no Governo, mas nunca tive uma atitude individual. Sempre trabalhei em grande colaboração com os meus serviços, com os meus secretários de Estado e, naturalmente, com o primeiro-ministro”, responde.
Maria Manuel Leitão Marques diz também acreditar que a sua missão enquanto ministra da Presidência e da Modernização Administrativa ficou “seguramente bem entregue” à nova titular do cargo, Mariana Vieira da Silva.
Ainda sobre as consequências da sua saída do Governo em fevereiro passado, rejeita igualmente a ideia de ter alguma vez medido a importância institucional inerente aos cargos de membro do Governo e de eurodeputada em Bruxelas.
No entanto, no que respeita ao impacto político direto da ação de cada um destes cargos na vida dos cidadãos, Maria Manuel Leitão Marques entende que, “seguramente, é tão importante” ser eurodeputada quanto ser ministra no Governo português.
“Esta é uma outra grande oportunidade na minha vida política para melhorar a vida das pessoas e das empresas”, acredita.
E aponta uma missão que julga que irá ter a curto prazo em Bruxelas: “Precisamos de uma visão simplificadora [na Europa] em que Portugal foi exemplo. Em particular a relação com os fundos estruturais, mas em outros domínios também, deve ser mais simples e menos complexa”, sustenta.
A ex-ministra da Presidência entende mesmo que “é preciso levar a criatividade portuguesa para a Europa”.
“Com este Governo, Portugal demonstrou que era possível ter contas certas e ao mesmo tempo aumentar o rendimento das pessoas, combater a pobreza, promover o crescimento económico e criar mais e melhor emprego. Se a memória não nos falha – e é importante que não nos falhe nestas alturas -, em 2015, quando este Governo se formou, criando a maioria necessária para aprovar o primeiro Orçamento, isso era considerado uma missão impossível na Europa”, aponta.
Maria Manuel Leitão Marques reconhece que vai entrar para Bruxelas numa conjuntura diferente daquela que se verificava em 2015, em particular no que respeita à posição dos portugueses no contexto das instituições europeias.
Com a formação do atual Governo português, em novembro de 2015, “a desconfiança aumentou na Europa, as ameaças também, mas Portugal demonstrou que era possível um outro modelo em que se funciona com maiores preocupações sociais e sem perder o objetivo das contas certas”.
“Portugal ganhou depois a confiança das instituições europeias e é hoje considerado um exemplo. Elegeu o presidente do Eurogrupo [Mário Centeno] e tudo isto se fez com um trabalho conjunto do Governo e dos nossos deputados junto das instituições europeias. Essa é uma boa razão para ir para o Parlamento Europeu”, justifica.
Outra “boa razão” para se candidatar ao Parlamento Europeu, segundo Maria Manuel Leitão Marques, é a ideia de “trazer mais Europa para Portugal em domínios como a investigação – setor que representa um terço do Orçamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia”.
“Os fundos estruturais representam 30% do investimento público. Por várias razões, precisamos de trazer mais Europa cá para dentro e incentivar todo o nosso sistema a ser mais colaborativo, trabalhando mais em rede”, acrescenta.
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