Documentos citados pelos ‘media’ brasileiros indicam que mais de 30 pessoas morreram sufocadas por falta de oxigénio em Manaus, capital regional do estado do Amazonas, em 14 e 15 de janeiro, quando a pandemia atingiu o pico de uma segunda vaga de infeções e mortes.

Infetados por covid-19 em Manaus que não conseguiram camas e atendimento nos hospitais também morreram em casa por falta de oxigénio.

“A empresa White Martins [fornecedora de oxigénio hospitalar para Manaus] já vinha consumindo sua reserva estratégica e não fez isso de forma clara. Essa é a primeira responsabilidade”, afirmou Pazuello, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, que investiga a resposta do Governo brasileiro à pandemia.

“Se a Secretaria de Saúde [do Amazonas] tivesse acompanhado de perto, teria descoberto que estaria consumindo a reserva estratégica. Vejo aí duas responsabilidades muito claras. Começa na empresa. E a outra da Secretaria de Saúde. Da nossa parte fomos muito proativos a partir do momento em que tomamos conhecimento”, acrescentou.

Questionado se o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, não deveria ter promovido uma intervenção no Amazonas para evitar as mortes em Manaus, Pazuello contou que a decisão de intervir não era sua e foi rejeitada numa reunião de ministros, na qual participou também o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

Em outro depoimento tenso, o ex-ministro, que enfrenta um segundo dia de perguntas na CPI da covid-19 do Senado, foi acusado novamente de mentir.

O relator da CPI da covid-19, Renan Calheiros, apontou que Pazuello terá dito 14 mentiras à comissão hoje e que pediu para “contratar um serviço para fazer uma procura ‘online’, uma varredura das mentiras ou verdades pronunciadas”.

“Já tivemos uma primeira amostragem das contradições. O depoente em 14 oportunidades mentiu flagrantemente”, afirmou Calheiros.

Questionado sobre uma aplicação para telemóvel desenvolvida e anunciada pelo Ministério da Saúde para auxiliar médicos a detetar infeções pelo novo coronavírus e sugerir tratamento com remédios sem comprovação científica, como a cloroquina que era prescrita em simulação até para bebés, o ex-ministro alegou que o projeto estava em teste e foi roubado por um ‘hacker’.

Documentos apresentados pelos senadores durante o depoimento mostraram que Pazuello informou em ofício assinado em 17 de janeiro que a aplicação foi desenvolvida, lançada e disponibilizada pelo Ministério da Saúde em janeiro e que Manaus seria a primeira cidade do Brasil onde o sistema seria usado.

Senadores também exibiram uma reportagem da TV Brasil, rede pública mantida pelo Governo Federal, anunciando o lançamento da aplicação chamada Tratecov, que foi retirada do ar após uma série de críticas e um pedido formal do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Antes de prestar depoimento, Pazuello pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de não responder a perguntas a respeito do trabalho no Ministério da Saúde durante a crise sanitária da covid-19 nesta investigação parlamentar.

O ex-ministro foi convocado para falar na condição de testemunha e, portanto, não poderia se negar a responder às perguntas dos senadores.

Com a decisão do STF, Pazuello poderá ficar em silêncio já que é investigado pelo Ministério Público Federal por improbidade administrativa na crise que deixou hospitais do estado brasileiro do Amazonas sem oxigénio para o tratamento de pacientes com covid-19 em janeiro.

O ex-ministro da Saúde não usou hoje o direito de silêncio e, embora tenha sido criticado por falta de objetividade, tem respondido às perguntas que lhe são feitas.

O Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo em número de positivos para covid-19, com 15,8 milhões de infetados pelo novo coronavírus, que já custou a vida de 441.691 pessoas no país.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.419.488 mortos no mundo, resultantes de mais de 164,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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