“É pena que tenha sido feito desta forma abrupta, quando seria ideal que tivesse tido a programação possível. Mesmo agora, seria desejável que houvesse um mínimo de previsão sobre o que se passará de seguida. Ninguém acredita que se esteja a falar de uma suspensão por duas semanas apenas”, disse à agência Lusa o matemático que assumiu a pasta da Educação e da Ciência, como independente, no Governo liderado por Pedro Passos Coelho.
Às questões da Lusa sobre as medidas anunciadas pelo Governo e possíveis consequências, Nuno Crato respondeu com outra pergunta: “Vamos prolongar estas férias forçadas de todos os nossos jovens, com as consequências graves para a sua educação e com os prejuízos brutais que isto tem para as vidas familiares e para a economia, tanto familiar como nacional?”.
Reconhecendo que nada substitui o ensino presencial, Nuno Crato, também professor, defendeu que não sendo agora possível ter os alunos na escola, seria “lógico” que as escolas tivessem liberdade para se organizarem e programarem um acompanhamento remoto dos estudantes.
Para o ex-ministro, essa autonomia é “fundamental para que cada comunidade se empenhe mais na procura de soluções” para os jovens.
“É verdade que o ensino remoto acentua algumas disparidades e prejudica mais aqueles que têm maiores dificuldades de acesso a meios digitais. Mas vamos prejudicar todos para que todos sofram? Proibir que as escolas sirvam os seus alunos? Ou vamos incentivar as escolas a organizarem-se e apoiarem da melhor forma os seus estudantes, dando ao mesmo tempo apoios e incentivos especiais aos que deles necessitam, para que ninguém fique para trás?”, questionou.
“Falando-se tanto da digitalização das escolas e sendo anunciados tantos programas, é triste termos chegado a este ponto e verificarmos que, afinal, continuamos impreparados para o ensino remoto”, declarou.
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