Em entrevista à Lusa, o descendente de imigrantes açorianos nos Estados Unidos que acompanhou o acordo celebrado e que o atual presidente norte-americano quer denunciar, considera que esse tratado é uma salvaguarda da comunidade internacional para impedir o enriquecimento de urânio por parte do regime de Teerão.

“O acordo foi formulado sabendo-se que o Irão tinha um programa de armas nucleares e tinha construído uma grande capacidade para enriquecimento de urânio e produção de plutónio”, recorda Ernest Moniz.

Para o físico do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês), o “acordo retirou ao Irão capacidade de produção de armas nucleares” e conferiu à “comunidade internacional condições para vigiar e impedir” o país de ter um programa de armas nuclear “para sempre”.

Por isso, “retirar o Estados Unidos de um acordo deste tipo é um erro monumental”, afirmou o antigo governante, que está em Portugal para acompanhar uma conferência da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).

“Os nossos aliados europeus estão corretos a cem por cento em manterem-se [vinculados] no acordo” com o Irão, acrescentou Moniz, que teme que esta decisão constitua mais um obstáculo nas relações transatlânticas.

“Será mais uma diferença entre os Estados Unidos e a União Europeia e isso é mau para o mundo”, afirmou.

“Os EUA e a Europa têm vários pilares de força geopolítica”, dando como exemplo as alianças multilaterais, de que a Nato é exemplo, a rede de “instituições financeiras construídas após a II Guerra Mundial”, o sistema de comércio internacional e um conjunto de “valores nas relações internacionais”.

“Eu diria que o Presidente Obama apoiou e fez avançar estas quatro áreas” dentro dos interesses da Europa e dos EUA, recorda o governante democrata, que critica o seu sucessor.

“Infelizmente, as ações do Presidente Trump enfraqueceram estas quatro fundações” das relações internacionais entre a Europa e os EUA, explicou.