O intuito desta mudança passa por evitar que se repita a situação verificada no último ano letivo, em que existiram muitas "notas elevadas" nos exames nacionais que dão acesso ao ensino superior, de acordo com a edição desta quarta-feira do jornal Público.

O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) quer com esta medida impedir que os alunos continuem a "fugir" às matérias que não dominem para que não se verifique o "excessivo enviesamento" do ano passado. Porém, esta mudança não significa que os exames sejam mais difíceis.

Quem o garante é Luís Pereira dos Santos, presidente do (IAVE), em declarações ao diário, que sensibiliza para o facto de a dificuldade das questões estar "totalmente dentro dos padrões habituais" daquilo que tem sido prática nos últimos anos.

O que motivou a mudança?

Em 2020, as notas máximas nos exames nacionais quase duplicaram. Na altura, em declarações ao Público, o presidente da Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia, Adão Mendes, alertou para "um olhar descontextualizado [que] pode levar a pensar que estamos perante uma geração de alunos excepcionais, mas uma leitura mais apurada revela outras questões".

Neste exame — que geralmente tem resultados negativos e uma média que ronda os 10 valores — os bons resultados também se verificaram: a média subiu para 14. E o que justifica esta alteração de notas? "As explicações para estes resultados parecem revelar as opções tomadas pelo IAVE para mitigar eventuais constrangimentos decorrentes da pandemia", afirmou.

Mais respostas obrigatórias

Este ano o modelo foi alterado para que esta situação não se volte a verificar. Ou seja, as provas vão ter mais perguntas de cariz obrigatório. No ano passado, o exame de Matemática só teve quatro, ao passo que este terá 11. Na disciplina de Português, o número sobe para dobro, sendo dez as questões que os alunos vão ter de responder. A Física e Química são agora 16. Em Biologia e Geologia passa de dez para 18.

As questões obrigatórias também vão ganhar peso na nota final. Por exemplo, no exame de Física e Química valem 16 valores, no caso da Biologia, Geologia e Matemática valem mais do que 14.

Estas alterações, explica o presidente do IAVE, vão permitir que este ano seja possível distinguir os alunos que sabem a matéria dos que não sabem. Isto porque no modelo do ano passado, "havia o perigo de os alunos não tocarem em matérias que nós consideramos fundamentais".