“Milhões de dólares foram gastos neste túnel, centenas de toneladas de cimento e muita eletricidade. Em vez de gastar todo esse dinheiro, o cimento ou a eletricidade em hospitais, escolas, habitações ou outras necessidades dos habitantes de Gaza”, disse o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelita, em declarações proferidas no interior do túnel.
As declarações foram feitas a um pequeno grupo de meios de comunicação, incluindo a agência de notícias espanhola EFE.
Hagari mostrou uma das bocas de saída do túnel e vários metros do seu interior, onde se escondeu sob a areia a magnitude e a solidez deste projeto, que levou anos a ser concretizado.
Este túnel é considerado uma das principais estruturas que permitiram os ataques em solo israelita, ataques que causaram mais de 1.200 mortos e 240 pessoas raptadas.
“Este foi até agora o segredo mais bem guardado de Yahya Sinwar, mas nós descobrimo-lo e tornamo-lo público”, disse Hagari, referindo-se ao chefe do grupo islâmico Hamas dentro da Faixa de Gaza.
Yahya Sinwar é considerado o mentor do ataque de 07 de outubro, o maior massacre de civis já ocorridos em Israel e o maior massacre de judeus desde o Holocausto.
Israel afirma que foi o seu irmão, Mohamed Sinwar, quem liderou e supervisionou a construção deste túnel e mostrou aos jornalistas vídeos gravados pelo grupo, encontrado pelo Exército israelita durante a sua ofensiva terrestre no enclave, nos quais é visto num veículo a circular dentro do túnel.
Embora não o tenham confirmado oficialmente, esta semana a aviação israelita lançou panfletos sobre as cidades de Gaza e Khan Younis – reduto da família Sinwar -, nos quais oferece recompensas financeiras aos habitantes de Gaza por fornecerem informações sobre o paradeiro de altos comandantes do Hamas.
Hagari prometeu derrotar o Hamas e destruir toda a sua infraestrutura de túneis, onde dizem que estão escondidos os seus principais comandantes, incluindo os irmãos Sinwar, embora provavelmente também mantenham lá alguns dos 129 reféns que permanecem cativos dentro do enclave.
Estima-se que cerca de 20 já tenham morrido.
“Este é o Hamas. Levará algum tempo para derrotar o Hamas, mas vamos conseguir apanhar Sinwar e os terroristas que participaram no ataque de 07 de outubro. Vamos encontrá-los seja acima ou debaixo de solo (…) Temos duas missões neste guerra: destruir o Hamas e resgatar nossos reféns”, disse Hagari.
O túnel recentemente revelado, dentro do qual foram encontradas inúmeras armas, é uma peça-chave da extensa rede de túneis do Hamas, equipado com betão armado, eletricidade, ventilação, esgotos, redes de comunicação e estradas para o tráfego de veículos.
O exército de Israel assegura que, desde o início da ofensiva terrestre na Faixa, em 27 de outubro, foram encontrados numerosos túneis, sob hospitais, escolas e outras infraestruturas civis, como o hospital Shifa, na Cidade de Gaza.
A boca de saída deste túnel, com mais de três metros de diâmetro, foi descoberta num enorme buraco cavado pelas tropas israelitas na superfície, a apenas 400 metros da passagem de Erez, que liga o norte da Faixa a Israel.
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