Numa conferência de imprensa nesta segunda-feira, o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, não relatou nenhum avanço das tropas russas.

A omissão parece contrariar uma mensagem divulgada nesta segunda-feira no Telegram pelo fundador do grupo Wagner, Yevgueni Prigozhin, que declarou que os combatentes tomaram a sede da câmara municipal de Bakhmut.

“No sentido legal, Bakhmut foi capturada. O inimigo está concentrado nas áreas ocidentais”, disse o líder do Wagner.

Num vídeo, que acompanhava a mensagem, Prigozhin hasteou uma bandeira russa com uma inscrição em honra de Vladlen Tatarsky, um ‘blogger’ militar russo e apoiante da ofensiva da Ucrânia, morto por uma explosão, no domingo. O ataque no centro histórico de São Petersburgo também deixou cerca de 30 pessoas feridas.

“Os comandantes das unidades que ocuparam a Câmara Municipal e todo o centro irão levantar esta bandeira”, disse Prigozhin. “Esta é a empresa militar privada Wagner, estes são os tipos que tomaram Bakhmut”. De um ponto de vista legal, é nossa”, afirmou.

A posição oficial russa parece ir ao encontro da ucraniana, que algumas horas depois do anúncio de Prigozhin afirmou o contrário: “o inimigo não deteve o assalto a Bakhmut. No entanto, os defensores ucranianos mantêm corajosamente a cidade, repelindo numerosos ataques inimigos”, disse o estado-maior ucraniano na rede social Facebook, no domingo à noite.

Bakhmut, uma cidade de cerca de 70 mil habitantes antes da guerra, tem sido palco de combates durante meses. Devido à duração da batalha e às pesadas perdas sofridas por ambos os lados, a cidade tornou-se o símbolo da luta entre russos e ucranianos pelo controlo da região industrial de Donbass.

As tropas russas têm vindo a avançar a norte e a sul da cidade nos últimos meses, cortando várias rotas de abastecimento ucranianas, ao mesmo tempo que assumem o controlo da parte oriental. A 20 de março, Yevgeny Prigozhin afirmou que a Wagner controlava 70% de Bakhmut. De resto, em vários momentos nos últimos meses, o grupo paramilitar reivindicou avanços militares que depois não foram confirmados pelo Ministério da Defesa russo.

Apesar de vários aliados e analistas defenderem que as forças ucranianas deviam abandonar Bakhmut, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusa-se a entregar a cidade, que se tornou num símbolo da resistência à invasão russa, apesar de, no discurso de domingo à noite, ter reconhecido que a situação em Bakhmut era difícil para as tropas do país.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).