“Graça Morais. Metamorfoses da Humanidade” dá título a esta mostra que abre ao público a 22 de março no Museu do Chiado, depois de ter estado patente, em 2018, no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança.

Em Lisboa, apresenta, além desses mostrados em Bragança, outros trabalhos recentes, e irá seguidamente para o Porto, no Museu Nacional Soares dos Reis, de 25 de julho a 29 de setembro, de acordo com o sítio ‘online’ do museu.

No Museu do Chiado, a exposição tem curadoria de Jorge da Costa e Emília Ferreira, e reúne um conjunto de mais de oito dezenas de desenhos e pintura sobre papel.

“Refletindo sobre as múltiplas faces da natureza humana, com as suas fragilidades e as suas aterrorizadoras atitudes predatórias, estes desenhos recentes de Graça Morais (realizados em 2018) oferecem-nos, como num espelho quebrado, os múltiplos reflexos dos nossos muitos medos quotidianos: a guerra, a exclusão, a perda absoluta, a fome, a morte”, descreve um texto do museu sobre a exposição.

Em cada um dos trabalhos apresentados, “como se em pequenos pedaços de um mundo estilhaçado, reconhecemos emoções que nos são íntimas”, apontam os curadores.

“A voragem, a capacidade de destruir, a vontade de recusar ao outro a sua humanidade e dignidade, ou o desejo de domínio — tudo isso lá está. Mas não apenas isso. À parte o sofrimento das vítimas, também aí representadas, na sua silenciosa e derradeira resistência, na sua resiliente exigência de dignidade, desponta nestes trabalhos o teimoso caminho para a esperança”, sublinham.

“A empatia pelas vítimas, a capacidade de dar voz a quem a não tem, sente-se e ouve-se nestes trabalhos que mostram, como com uma lupa, as grandes tensões do nosso tempo, condensadas em imagens perturbadoras e tocantes”, acrescentam, sobre as obras da pintora.

Nascida na aldeia de Vieiro, no concelho transmontano de Vila Flor, em 1948, Graça Morais viveu em Moçambique no final dos anos 1950 e estudou Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto.

Entre os seus primeiros professores contam-se os artistas Ângelo de Sousa, José Rodrigues e Tito Reboredo, e nos anos 1960 e 1970 foi influenciada pelos pintores Marc Chagall e Van Gogh.

Em 1975, com oito artistas e um crítico de Arte – Albuquerque Mendes, Armando Azevedo, Carlos Carreiro, Dario Alves, Fernando Pinto Coelho, Gerardo Burmester, Jaime Silva, João Dixo e Pedro Rocha – Graça Morais fundou o Grupo Puzzle.

Entre 1976 e 1978, viveu em Paris como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e estudou sobretudo a obra de Picasso, Matisse e Cézanne, e nesse último ano expôs no Centro Cultural Português da cidade.

Regressada a Portugal, viveu em Lisboa, onde trabalhou sobretudo as formas e os materiais do nordeste transmontano, as suas raízes, desenvolvendo uma intensa reflexão sobre esse tema na sua obra.

Atualmente vive entre Lisboa e Vieiro, e tem sido homenageada com mostras antológicas em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em Guimarães, em 1993, em Lisboa e Porto em 1997 e em Aveiro em 2003.

Em 2008 foi inaugurado o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, num projeto de reabilitação de um solar setecentista da autoria de Eduardo Souto de Moura.

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