A exumação será feita no cumprimento da Lei da Memória Histórica, aprovada pelo Congresso em 2017, e de acordos adotados pelo Governo de Pedro Sánchez este ano.

O parlamento espanhol aprovou em setembro último a proposta do Governo socialista a autorizar a exumação dos restos mortais do ditador.

Francisco Franco Bahamonde foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que, em 1936, marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido desde 1938 o lugar de chefe de Estado, até morrer em 1975, ano em que se iniciou a transição do país para um sistema democrático.

Para prevenir eventuais desacatos, por risco “de elevados problemas de ordem pública”, o Governo espanhol proibiu uma concentração patrocinada pela Fundação Francisco Franco, que tinha apelado às pessoas para que se desloquem ao cemitério de El Pardo-Mingorrubio.

O pretexto era homenagear “quem tanto fez pela Espanha e pela sua grandeza” e apelou a que se “encha o panteão de flores e orações”.

A exumação e transferência dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos, a cerca de 70 quilómetros de Madrid, para o cemitério de El Pardo-Mingorrubio, está marcada para se iniciar às 10:30 locais (09:30 em Lisboa).

O caixão com os restos mortais do ditador deixará a basílica do Vale dos Caídos aos ombros de alguns dos seus familiares, sem bandeiras nem honras militares e será, posteriormente, transferido, se o tempo o permitir, num helicóptero das Forças Armadas espanholas para o cemitério.

Segundo o dispositivo organizado pelo Governo espanhol, dentro da basílica, onde não poderão ser captadas imagens, só poderão estar os trabalhadores estritamente necessários para extrair a laje que cobre a tumba, de 1.500 quilos, um médico legista, o ministro da Justiça como notário superior do reino e responsável pela elaboração do registo da exumação, além de 22 familiares que demonstraram desejo de comparecer, entre netos e bisnetos do ditador.

Após um breve voo que durará cerca de 10 minutos, no qual o caixão será acompanhado por um dos netos do ditador e pelo ministro da Justiça, o helicóptero pousará num antigo heliporto da Guarda Real, muito perto do cemitério.

Em Mingorrubio será celebrada uma cerimónia religiosa só para a família, que estará a cargo do prior de Vale dos Caídos e de um padre, filho de Antonio Tejero, um guarda civil condenado pela tentativa de golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981, no parlamento espanhol.