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Oito meses após ter assumido funções, Carlos Sá apresentou a demissão do cargo de presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra. O pedido foi entregue à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que aceitou a saída.

A decisão surge poucos dias depois da polémica em torno da morte de uma grávida e do recém-nascido no Hospital Fernando da Fonseca. A mulher tinha sido observada na tarde de quinta-feira devido a um episódio de hipertensão, depois de avaliada, recebeu alta e ficou com nova consulta marcada. Horas mais tarde, regressou ao hospital em paragem cardiorrespiratória. O bebé nasceu através de cesariana de emergência e acabou por morrer no sábado de manhã.

A demissão de Carlos Sá segue-se à da diretora clínica da ULS Amadora-Sintra para a área hospitalar, Diana Sousa Mendes, que em outubro já tinha pedido a cessação de funções.

Reações políticas

A saída do responsável hospitalar reacendeu o debate político em torno da liderança da ministra da Saúde.

O líder do Partido Socialista, José Luís Carneiro, afirmou que a responsabilidade é do primeiro-ministro, enquanto chefe do Governo e responsável pela política de saúde, informa a SIC Notícias. 

Já Mariana Vieira da Silva e Isabel Moreira consideraram que Ana Paula Martins “não tem condições para continuar”. Isabel Moreira escreveu nas redes sociais que houve “desconsideração por parte da ministra da Saúde”, afirmando que esta “não pode decidir que uma grávida morre porque é iletrada, imigrante ou um fardo”.

Mariana Vieira da Silva, por sua vez, ironizou na rede social X (antigo Twitter): “Há um ano e meio que se repete a mesma rotina: quando algo corre mal, a ministra desresponsabiliza-se (primeiro a responsabilidade era da grávida que morreu, depois de quem informou mal a Ministra) e alguém acaba demitido”.

Em Loulé, o líder do Chega, André Ventura, acusou Ana Paula Martins de “nunca assumir responsabilidades” e apontou o dedo ao primeiro-ministro por “continuar a segurá-la no cargo”. “Temos um Governo que acha que a culpa é de toda a gente, menos de quem tem a responsabilidade política”, criticou, acusando ainda o Presidente da República de “silêncio cúmplice” por afinidade partidária.

A Iniciativa Liberal evitou, por enquanto, exigir diretamente a demissão da ministra. Mário Amorim Lopes, líder parlamentar dos liberais, afirmou que “se a demissão resolvesse os problemas da saúde, já a teria pedido”. Defendeu, contudo, que Ana Paula Martins deve “refletir se tem capacidade para reformar o SNS” e, se não tiver, “dar lugar a quem tenha”.

À esquerda, Catarina Martins, eurodeputada e candidata presidencial apoiada pelo partido, escreveu na rede X que “Ana Paula Martins não pode continuar a ser ministra da Saúde” e que “a dignidade do país assim o exige”.

António Filipe, candidato presidencial apoiado pelo PCP, em declarações no Funchal realçou que a situação é "particularmente grave" não apenas o facto em si, "mas também a forma como a ministra da Saúde reagiu a isso”.

Entre os sociais-democratas, Rui Rio, ex-líder do PSD e mandatário da candidatura de Henrique Gouveia e Melo, comentou sem referir diretamente o caso, afirmando que “é cada vez mais difícil compreender o ponto de degradação a que chegámos no SNS”, acrescentando que “já nada nos deve admirar, porque, infelizmente, já tudo parece possível”.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, saiu em defesa da ministra da Saúde e criticou a “grande querela comunicacional” gerada após as declarações sobre a necessidade de “otimizar os recursos e gerir melhor o investimento financeiro na saúde”, revela o Público.

"Por alguém ter dito que era preciso optimizar os recursos e gerir melhor o investimento financeiro que se estava a fazer para se produzir melhores resultados e para se poder, no fundo, prestar melhor serviço gastando menos, 'aqui-d'el-rei' que o país ia parar", afirmou Montenegro durante uma visita à empresa Sword Health, no Porto, acompanhado por Ana Paula Martins e pelo novo presidente da Câmara do Porto, Pedro Duarte.

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