O Festival da Lampreia, que normalmente decorria no final do mês, foi cancelado devido à falta de lampreia, disse à agência Lusa Álvaro Coimbra, referindo que o período para a lampreia vai até abril, mas não se prevê que haja uma grande alteração face ao cenário atual.
Em 2022, o município foi obrigado a suspender o festival também face à escassez daquela espécie que se reproduz no rio Mondego, tendo depois realizado o certame em abril.
“Um evento gastronómico pressupõe abundância e, neste momento, a lampreia é pouca e muito cara”, aclarou o autarca.
Por aquele concelho ser conhecido como uma referência na confeção da lampreia, Álvaro Coimbra decidiu avançar com um colóquio para abordar o declínio da espécie no território português, num evento que terá também como intenção exigir medidas para que o atual cenário seja revertido.
Organizado pela Câmara de Penacova e pela Confraria da Lampreia de Penacova, em colaboração com o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, o colóquio irá decorrer no sábado, no auditório municipal.
“Tendo em conta que somos conhecidos como a capital da lampreia, tínhamos de fazer alguma coisa e convidar a comunidade científica para debater esta questão”, referiu Álvaro Coimbra.
Segundo o presidente da Câmara de Penacova, serão também convidadas “uma série de entidades públicas ligadas ao setor”, a quem serão apresentadas propostas de medidas para assegurar a preservação da espécie nos rios portugueses.
Álvaro Coimbra admitiu a possibilidade de se proibir a pesca da lampreia, salientando que, para o município, “em primeiro lugar, está a preservação da espécie”.
Jorge Cota, proprietário e gerente do restaurante Cota, em Penacova, afirma que este tem sido o pior ano de que tem memória.
Se em 2022, que foi um ano muito mau, tinham de vender a lampreia entre 90 e 100 euros ao cliente, este ano o preço fixa-se entre os 150 e os 160 euros por lampreia inteira, face à escassez.
No entanto, não é o preço que tem afastado os clientes, mas sim a falta do peixe, notou.
“No domingo, tive mais de 50 chamadas para lampreia e tive de dizer que não havia”, disse Jorge Cota, referindo que tem reservas que poderão ser canceladas porque não terá “lampreia para satisfazer” os comensais. Também no restaurante Boa Viagem, no Porto da Raiva, o cenário é idêntico.
“Hoje, não temos nenhuma lampreia. Tivemos reservas que tivemos de desmarcar e todas as reservas que temos estão sujeitas a confirmação”, disse Irina Santos, empregada do restaurante, salientando que a procura mantém-se, mesmo com o custo de uma lampreia inteira fixado nos 150 euros.
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