Com encenação do diretor da CTA, Rodrigo Francisco, a peça acompanha o percurso de um adolescente criado por uma mãe divorciada, que acaba por se converter ao fanatismo religioso.

A peça aborda uma verdadeira guerra ideológica, que oporá este jovem à sua professora de biologia, a única pessoa que lhe é próxima e que contradirá os seus argumentos.

A peça de Marius von Mayenburg desenvolve-se assim como uma reflexão sobre a luta contra a radicalização da juventude, lembrando que o fanatismo não é apanágio apenas de uma religião.

“Mártir” fala dos perigos que surgem quando as "Escrituras Sagradas" passam a ser lidas à letra. O texto ganha pertinência face à iminência de atentados por parte de fundamentalistas islâmicos, perpetrados um pouco por todo o mundo.

Apesar de não analisar os efeitos dessa violência, a peça debruça-se sobre as suas causas.

O que fará um jovem ocidental refugiar-se num conjunto de princípios anacrónicos, originados por uma leitura literal do Antigo Testamento, e numa época em que os valores morais, ideológicos e familiares se encontram em crise? O que tem a sociedade para propor às gerações mais jovens, cada vez mais desenraizadas?

Qual o papel da escola na formação dos cidadãos? Será o discurso dito “politicamente correto” a melhor forma de lidar com o fundamentalismo? Precisará este adolescente de um par de estalos ou de um abraço?

Estas e outras questões são equacionadas na peça escrita pelo dramaturgo nascido em Munique, em 1972.

Licenciado em alemão antigo, Marius Von Mayenburg mudou-se, em 1992, para Berlim, para estudar dramaturgia.

Em 1998, fez parte da direção artística da Baracke, a sala experimental do Deutsches Theater de Berlim. Em 1999, mudou–se, com Thomas Ostermeier, para a Schaubühne am Lehniner Platz, onde ainda permanece como encenador e dramaturgo residente.

Em 2016, a CTA estreou a sua peça “O feio”, dirigida por Toni Cafiero.

“O mártir” vai estar em cena na sala Experimental do Teatro Joaquim Benite até 16 de dezembro, com espetáculos de quinta-feira a sábado, às 21:00, e, aos domingos, às 16:00.

Interpretam André Albuquerque, Ana Cris, Inês de Castro, Ivo Marçal, João Cabral, Pedro Walter, Tânia Guerreiro e Vicente Wallenstein.

Com tradução de Manuela Nunes, a peça tem cenografia de José Manuel Castanheira, figurinos de Ana Paula Rocha e desenho de luz de Guilherme Frazão.

Nos dias 24 de novembro, 1, 8 e 15 de dezembro, haverá conversas com o público sobre a peça, na qual estarão presentes atores e o encenador.