Pedro Mendes, diretor do Instituto Português de Comunicação e Marketing (IPAM) de Lisboa e especialista em grandes eventos, explica que o estudo "Hábitos religiosos da população portuguesa & o Papa Francisco" é a adaptação à realidade atual de um outro realizado anteriormente.
"Em 2015, o IPAM decidiu fazer um estudo - na altura independente - em relação aos hábitos religiosos das pessoas em Portugal. Na altura, a metodologia foi a que a maior parte dos estudos sobre religião utilizaram e que se baseava em entrevistas telefónicas. Apanhámos, essencialmente, uma população mais envelhecida. Hoje em dia há uma população com muita influência dos millennials. E os millennials são pessoas que não estão em casa e no [telefone] fixo, mas na Internet, nas redes sociais, online. Nós não replicamos o estudo, mas decidimos ter um mais virado para aquilo que as pessoas são hoje em dia, para a realidade diária. Portanto, isto é um estudo virado para o que as pessoas pensam sobre o Papa e sobre religião", refere.
Para proceder a conclusões foram consideradas 1.200 pessoas, com mais de 18 anos e residentes em Portugal Continental e nas Ilhas. O inquérito foi realizado numa plataforma online, entre 12 de março e 19 de abril, considerando uma amostra proporcional estratificada por região, com uma margem de erro de apenas 3%. Para Pedro Mendes, "ter uma amostra robusta é importante para que o estudo seja significativo, dado todo o trabalho presente".
Segundo o estudo do IPAM, 79% dos portugueses atribui grande importância à visita do Papa Francisco a Fátima, a 12 e 13 de maio deste ano, por ocasião do Centenário das Aparições. A principal razão apontada é o facto de ser o primeiro país europeu a receber o Santo Padre como peregrino.
Por outro lado, foi também possível perceber que 65% dos inquiridos considera que Francisco tem realizado um "excelente resultado pastoral", avaliando-o ainda como revolucionário (40%) e inovador (58%).
Além disso, destaca-se também o caráter diferenciador do Papa, quanto à sua dedicação aos mais desfavorecidos e à promoção da paz.
Pedro Mendes referiu ainda que, quanto às questões acerca da personalidade do Santo Padre, estas eram abertas, o que permitiu às pessoas uma maior liberdade de resposta. Deste modo, as palavras que mais surgiram foram inovadora e diferenciadora (42%) e bondosa (25%). Para o investigador, estes resultados são importantes na medida em que "não são fruto de escolhas múltiplas, são o 'top of mind' das pessoas, o que elas acham mesmo. Fantástico, conciliador, humano e único são coisas que vêm à cabeça das pessoas quando pensam no Papa".
Nesta visita papal, a maioria das pessoas inquiridas que não vão acompanhar presencialmente Francisco (70%), disse pretender acompanhar as cerimónias através da comunicação social e das redes sociais.
Quanto às questões religiosas, este estudo permite constatar que os portugueses ainda se assumem como predominantemente católicos, com uma percentagem de 70%.
Para 63% dos inquiridos, a crença religiosa tem como base a tradição familiar e apenas 35% dos portugueses dizem que esta crença é fruto de convicção pessoal.
Em termos de hábitos religiosos, quase a totalidade da amostra (95%) diz ser fiel à sua religião ao longo de toda a vida e 93% dos inquiridos referiu ter realizado pelo menos um sacramento ao longo do seu percurso, sendo o batismo o que regista um valor mais alto (98,3%). O casamento atingiu uma percentagem de 46,3%.
Analisando a frequência de locais de culto e oração (igrejas, mesquitas ou sinagogas), verifica-se que, apesar do número significativo de pessoas que se identifica com uma religião, apenas 51% dos portugueses se dirige a estes espaços, ao contrário de 49% das pessoas que diz não o fazer. Apesar disto, 72% da amostra afirma que pratica oração/meditação.
Este estudo ganha especial relevância neste mês de maio, aquando do Centenário das Aparições, da vinda do Santo Padre, no dia 12, e da canonização de Francisco e Jacinta Marto, no dia 13.
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