“O Ministério da Educação deveria garantir a educação de qualidade a que temos direito e ter começado as obras em 2011, como tinha prometido. Já que não começaram, dar uma palavra afirmativa e ir para a frente com as obras. Nós não queremos assinaturas de papéis, nós não queremos promessas, nós queremos realmente uma ação efetiva”, disse à Lusa Simão Bento, da Associação de Estudantes do Liceu Camões.

Os alunos que criaram o movimento “É Só Blá, Blá. Obras Já” concentraram-se desde 08:00 em frente ao portão principal do estabelecimento de ensino secundário onde fixaram cartazes com palavras de ordem em que pedem a realização urgente de obras no edifício.

“Nós queremos que, pelo menos, as pessoas que passam por aqui todos os dias fiquem a saber o que se passa na escola”, disse um aluno do 11.º ano de escolaridade que participou na concentração junto aos portões.

Segundo Simão Bento, da Associação de Estudantes, as zonas mais degradadas são o “ginásio velho”, as oficinas de artes e as salas de aulas de Geometria Descritiva e alguns laboratórios de Biologia são extremamente frios.

“Em algumas salas do piso de baixo, quando os alunos estão a entrar dentro nas aulas ou alguém se mexe no piso superior, os candeeiros abanam. O teto está a cair. É bastante degradante a situação”, frisou acrescentando que o corpo docente “está do lado” dos alunos.

“Os professores fazem parte da comunidade educativa e estão sensibilizados. Têm de estar aqui como nós todos os dias e não é nada fácil ter de estudar e de trabalhar em situações deste tipo.

O movimento dos alunos e a Associação de Estudantes espera uma resposta por parte do Ministério da Educação para uma situação que considera “grave” e caso a situação se mantenha admitem realizar novos protestos.

Cartaz na vedação do Liceu Camões, em Lisboa. Os alunos da Escola Secundária Camões estão hoje em protesto por obras na escola. créditos: Pedro Soares Botelho | MadreMedia

As dezenas de alunos que estão concentrados junto ao portão da Escola Secundária Camões colocaram faixas de protesto, mas a escola manteve-se aberta.

Por volta das 9:30 eram pouco mais de meia dúzia os alunos concentrados ao portão da escola lisboeta. Ao SAPO24, os poucos que resistiam ao frio desta manhã de quarta-feira contam que não são mais porque os alunos estão fartos de ouvir falar em obras, sem ver a sua concretização, pelo que preferem não faltar às aulas.

Um dos cartazes afixados à porta do Liceu Camões, em Lisboa. Os alunos da Escola Secundária Camões estão hoje em protesto por obras na escola. créditos: Pedro Soares Botelho | MadreMedia

Contam também que há salas onde os candeeiros estão presos apenas pelos cabos de eletricidade e casas de banho em cujo interior chove.

Mau tempo levou parte do telhado em dezembro

No final do ano passado, parte do telhado do canto sul do edifício do Liceu Camões voou devido ao vento forte que se fez sentir na zona, explicava na altura o diretor da escola, João Jaime.

“Perto do meio-dia, um vento fortíssimo apanhou a zona do telhado e voaram telhas que caíram no pátio da escola. Felizmente não houve feridos. Os Sapadores Bombeiros foram chamados e retiraram as telhas que estavam em perigo de cair”, explicou.

De acordo com João Jaime, tanto o Ministério da Educação como a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares foram informados do ocorrido logo naquela manhã, além das “debilidades que preocupam a direção da escola", tendo sido reiterada a "urgência em recuperar o edifício".

“Há dois meses que pedimos uma reunião com o Ministério devido às obras que estão prometidas. Dizem que há dinheiro, mas é preciso urgência para a Parque Escolar começar as obras. Este acidente veio dar sinal de que, de uma vez por todas, é urgente começar as obras no Liceu Camões”, frisou o diretor. A verdade é que até agora não se iniciou uma intervenção de fundo.

“As telhas voaram de algumas salas de aula, se for necessário alguns alunos serão deslocados para outras, mas não prevemos que fiquem sem aulas nesta semana antes das férias do Natal”, explicava na altura o diretor, adiantando que já havia uma empresa a arrancar com as obras possíveis, tentando recuperar o que está danificado.

João Jaime pediu ainda ao Ministério da Educação que faça uma vistoria ao edifício para se saber se existem ou não outras debilidades num edifício que conta com 108 anos de história.

A 26 de maio de 2017, uma portaria do Ministério da Educação publicada em Diário da República avançava que o Liceu Camões iria receber obras de reabilitação durante os próximos três anos, com um orçamento de 314.550 euros, totalmente da responsabilidade do Estado.

Previa-se, na altura, que as obras nesta escola secundária da capital começassem ainda no ano passado e decorressem até 2020, sob encargo da empresa pública Parque Escolar, segundo a portaria emitida, que autorizava as despesas.

O orçamento é totalmente da responsabilidade do Estado e visa pôr em prática um projeto de reabilitação que já havia sido falado em março de 2017, aquando da aprovação de intervenções em 142 escolas, avaliadas em 175 milhões de euros.

[Notícia atualizada às 10:10]