A exposição “Vestida de Branca” vai contar, por alguns momentos, com a presença da imagem de Nossa Senhora de Fátima, que se encontra na Capelinha das Aparições, no âmbito do centenário da oferta da imagem por um fiel.
“A imagem de Nossa Senhora é a grande ausente daquela exposição, porque está na Capelinha das Aparições. Desde o início, quando se pensou esta exposição sobre a imagem de Nossa Senhora e os seus 100 anos, pensou-se num momento em que a imagem pudesse visitar a exposição que lhe é dedicada e a data mais propícia é precisamente esta: o dia que assinala os 100 anos da vinda da imagem para a Cova da Iria”, explicou o reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas.
Assim, durante a manhã esta imagem estará nas celebrações deste sábado, que assinala a Peregrinação Internacional Aniversária, e “é depois de concluída a celebração que a imagem será levada para a exposição”.
Carlos Cabecinhas sublinhou que a exposição irá cumprir todas as garantias de segurança sanitária.
“As pessoas só poderão entrar na medida em que saem. Vamos procurar sensibilizar todos os que estão em filas de espera que guardem e respeitem o distanciamento físico prudencial e que é necessário nestas circunstâncias. Estou confiante de que a visita se poderá fazer sem que haja grandes dificuldades ou grandes problemas na condução desta visita”, explicou.
Esta imagem foi oferecida por um devoto, Gilberto Fernandes dos Santos, de Torres Novas, em 1920, numa altura em que o Santuário “dava os seus primeiros passos, muito mais por iniciativa popular do que por iniciativa da hierarquia da igreja”.
“Há um devoto que, vendo que não havia neste lugar uma imagem que concentrasse a devoção daqueles que aqui vinham, toma a iniciativa de oferecer uma imagem”, precisou.
“Esta imagem será feita de acordo com aquilo que são as indicações dos pastorinhos, através dos seus interrogatórios. E um papel fundamental foi jogado pelo cónego Formigão, que tinha interrogado os pastorinhos e com quem este devoto fala para perceber quais eram as características da imagem. Esta imagem é oferecida e vai para a igreja paroquial de Fátima” em maio, “porque não havia ainda um reconhecimento oficial do Santuário como tal”.
Só no mês seguinte, a imagem, constituída por blocos de madeira de cedro do Brasil e com motivos dourados de folha de ouro de 22 e 23,5 quilates, chega à Capelinha das Aparições.
“Esta imagem tornou-se depois o grande símbolo de Fátima. Quando se fala de Fátima olha-se para esta imagem. Quando se vê esta imagem em qualquer parte do mundo, é com Fátima que ela se liga. É o grande símbolo desta mensagem, o grande símbolo do acontecimento de Fátima”, destacou o reitor.
Carlos Cabecinhas explicou que, “num contexto cristão, as imagens são sempre mediações”.
“Os peregrinos que vêm a este lugar não adoram a imagem. A veneração que lhe dirigem é a que dirigem a Nossa Senhora que é ali representada. É uma mediação que ajuda o peregrino de Fátima a viver a experiência de fé, a perceber Nossa Senhora ali representada, como aquela que a liga a Jesus Cristo, seu filho. Aliás, a geografia do Santuário a esse nível é muito expressiva”, informou ainda.
O reitor do Santuário recordou que a Capelinha não está no centro. “Temos Jesus Cristo no centro. No monumento do Sagrado Coração de Jesus e no eixo que une o altar da Basílica da Santíssima Trindade, o altar do recinto ao altar da Basílica do Rosário. O altar no contexto cristão representa sempre Jesus Cristo. O eixo deste santuário é Jesus Cristo, mas Maria aparece lateralizada a apontar para Jesus. Essa é a grande mensagem desta imagem de Nossa Senhora”, acrescentou.
Para Carlos Cabecinhas, esta é uma imagem “que fala aos fiéis de Nossa Senhora e que os conduz até Jesus, que é o elemento catalisador da devoção daqueles que aqui se reúnem”.
A imagem mede 1,04 metros e pesa 19 quilos. Os olhos são de vidro e nas vestes e manto foram incrustadas pedras de cristal de rocha, de vidro e diamantes, refere informação do Santuário.
A coroa, que a imagem ostenta apenas nos dias das grandes peregrinações, foi oferecida pelas mulheres de Portugal, em 13 de outubro de 1942, e é de ouro, pesa 1,2 quilos e tem 313 pérolas e 2679 pedras preciosas.
Em 1989 foi nela encastoada a bala extraída do corpo de João Paulo II após o atentado em Roma.
Da autoria de José Ferreira Thedim, a escultura fez 12 viagens com sentido cultual, três delas ao Vaticano a pedido dos papas.
Nos primeiros tempos, a imagem era recolhida por Maria Carreira, a zeladora da Capelinha das Aparições, para sua casa. Por isso, o atentado de 1922 não afetou a escultura.
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