Vindo de Viseu, na sua primeira peregrinação a pé até Fátima, José Augusto experimentou o serviço de massagens disponibilizado pelos bombeiros em Santa Comba Dão e verificou logo que era “das melhores coisas a fazer” por aliviar a tensão e o cansaço, tornando a caminhada “muito mais fácil”.
“Muita gente que vem nestas peregrinações vem muitas das vezes em sofrimento por falta de conhecimento” deste apoio, disse à agência Lusa, enquanto recebia uma massagem aos pés de Madalena Palma, voluntária da Ordem de Malta por cujas mãos já passaram pés “em muito mau estado”.
“Ultimamente, não tanto”, afirmou, sublinhando a importância dos muitos pontos de apoio ao longo do percurso, da Ordem de Malta, da Cruz Vermelha, dos bombeiros e dos próprios carros que acompanham os peregrinos e que já trazem também quem lhes trate dos pés.
“Nos primeiros anos, lembro-me que os peregrinos nos chegavam em piores condições no geral, mas ainda nos chegam”, disse, referindo as bolhas, muitas vezes provocadas pelo calçado, “que não é o mais adequado”, e também pelos “muitos quilómetros, que não deviam fazer, seguidos, sem descanso”, e pelas condições meteorológicas.
“Tem-nos passado de tudo um pouco pelas mãos”, disse, confirmando a declaração de José Augusto de que a massagem é o apoio mais apreciado por “aliviar” quem vem “muito cansado”, se bem que também ofereçam água, uma peça de fruta e apoio moral para os que chegam “desanimados”.
O serviço de “lava-pés”, um dos mais antigos do Santuário de Fátima, é também dos mais procurados pelos peregrinos que chegam a pé ao recinto ou pelos “penitentes”, que, percorrida a "passadeira para cumprimento de promessas", chegam com os joelhos a necessitarem de um “tratamento delicado”, disse à Lusa Rui Correia de Oliveira, chefe do setor de Serviço de Saúde do santuário.
Situado nas traseiras da “capelinha das aparições”, o serviço integra o Posto de Socorro da responsabilidade dos Servitas, associação que reúne perto de 500 pessoas de todo o país e que, até sábado, mantém 24 médicos e 24 enfermeiras a prestarem assistência a quem necessita de cuidados de saúde.
Deitada na sala onde chegam as urgências, Arminda Oliveira recupera das mazelas que a obrigaram a fazer os últimos metros de ambulância, depois de mais de 200 quilómetros a caminhar desde Vila do Conde.
“Não aguentei as dores nos pés, as bolhas inflamadas, as pernas esgotadas e, depois, a chuva e o frio”, disse à Lusa, deitada na maca, ao lado do marido que a veio buscar porque o resto do grupo fica acampado e Arminda não iria aguentar.
Em instalações “pagas com dinheiro dos peregrinos” há um serviço de ambulatório, com gabinetes de consulta e enfermagem, o serviço de urgência (com salas de observação, de reanimação, para pequenas cirurgias, de recobro, de observação), uma pequena farmácia e zona de apoio, além do espaço onde os doentes que querem receber a bênção durante a celebração de sábado, dia 13, recolhem, a partir das 09:00 de sexta-feira, as acreditações.
Ao lado, no serviço de “acolhimento aos peregrinos a pé”, da responsabilidade do santuário, vão-se juntando os que procuram um lugar para dormir, ou no edifício de São Bento de Labre ou nas tendas montadas pelo Exército português, havendo ainda possibilidade de comer uma sopa quente, também gratuita, no “albergue dos peregrinos a pé”.
Tendo em conta a grande afluência da peregrinação deste ano, que coincide com o Centenário das Aparições, a visita do papa Francisco e a canonização dos pastorinhos, o santuário reforçou as casas de banho que existem no recinto e em todos os 14 parques de estacionamento com contentores.
A estes, a Câmara Municipal de Ourém juntou 200 casas de banho portáteis, havendo ainda 18 bebedouros públicos para fornecer água potável, instalados pela Be Water, concessionária do abastecimento de água ao concelho, tendo ainda sido reforçado o serviço de recolha de resíduos.
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