Junto à clínica médica, que se encontra encerrada dentro do complexo da Misericórdia da Figueira da Foz, é feito o controlo seja a quem vem de fora, seja a funcionários internos. Uma enfermeira mede a temperatura, certifica-se de que a pessoa não tem febre e distribui luvas e máscara a quem é de fora.
Nos lares, as funcionárias andam de viseira e, à volta de um dos edifícios, vê-se um homem de fato branco a desinfetar todos os espaços externos.
Com mais de 170 utentes residentes – a maioria idosos -, a resposta da Misericórdia da Figueira da Foz à pandemia começou cedo, logo no final de fevereiro, com a aquisição de material, como álcool gel, máscaras, batas e proteções para os pés, afirmou à agência Lusa o provedor da instituição, Joaquim de Sousa.
Em 02 de março, surgiram as primeiras medidas, como a restrição de visitas, reforço de dispensadores de álcool gel, colocação de máscaras em idosos que apresentassem sintomas de tosse ou gripe, ou o encerramento ao público da Igreja de Santo António.
Onze dias depois, a 13 de março, foram anunciadas novas medidas – “mais drásticas” -, como o encerramento da creche e jardim-de-infância e o cancelamento das visitas aos residentes nos lares de seniores e no lar que acolhe crianças e jovens do sexo feminino, tendo sido acrescentadas novas medidas ao longo de todo o mês.
Para minimizar os efeitos do isolamento social, a instituição procurou soluções nos meios digitais, seja através de concertos projetados para os seus utentes ou ‘tablets’ para que estes possam falar com as suas famílias.
Maria da Conceição Mesquita, há 29 anos a trabalhar na cozinha da Misericórdia, refere que “muita coisa mudou” no modo de funcionamento da instituição.
Os recipientes usados para as entregas para fora são agora da própria instituição, há outro cuidado na higienização, as colegas tentam estar o mais longe possível umas das outras na cozinha e os fornecedores ficam à porta, aclarou a cozinheira chefe, que por estes dias faz ainda mais refeições, com o reforço do serviço de entrega ao domicílio.
A Misericórdia da Figueira da Foz tem 128 trabalhadores e cerca de metade está a trabalhar.
“Todos os dias entram e saem pessoas, mas à entrada todos têm que tirar a temperatura. Ninguém entra na instituição sem seguir esses procedimentos”, vincou o provedor.
Para Joaquim de Sousa, todos os cuidados são poucos e, apesar de todo o investimento feito na prevenção, não se pode “garantir” que não apareça um dia um caso naquela instituição, que está atenta a qualquer sinal.
“À mínima suspeita, [o funcionário] ou chega e vai embora ou não chega sequer a vir e vai logo fazer testes ao hospital”, explicou, criticando o facto de não haver um uso generalizado de testes para utentes e funcionários de lares.
Ao longo de todo o processo, Joaquim de Sousa salienta a colaboração com o delegado de saúde pública da Figueira da Foz, que fez uma sessão de formação na Misericórdia, bem como a cooperação do INEM e do Hospital Distrital da cidade.
“A qualquer momento pode-nos acontecer qualquer coisa, mas fazemos tudo o que podemos”, frisou.
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