“Há que fazer algo, alguém tem que ter isso em atenção para que no setor não se acentue a crise que vem ao longo dos anos. Respiramos um ano ou seis meses no leite e um ou dois anos na carne. Estamos a trabalhar em prol do setor da carne e, logo na arrancada, começamos a ser penalizados desta forma”, afirmou o dirigente agrícola.
Jorge Rita falava aos jornalistas na sede da Associação Agrícola de São Miguel, no concelho da Ribeira Grande, após um encontro com o grupo parlamentar do PS/Açores.
Na sexta-feira, o responsável será também recebido, em Ponta Delgada, pelo presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro.
Na sequência do aumento do preço do leite no mercado, a lavoura dos Açores, com apoios públicos por parte do Governo dos Açores, tem vindo a converter explorações para a carne, para tentar melhorar os rendimentos dos produtores.
Segundo o líder da lavoura dos Açores, o preço do leite à produção na região situa-se nos 43 cêntimos, dez cêntimos de diferença para o continente e 12 cêntimos face às outras regiões europeias.
Jorge Rita considerou que, se a descida do preço da carne da vaca continuar a registar-se até final do ano “isso é muito preocupante”, sendo necessário identificar as razões para a situação.
“Se isso vier a acontecer [o preço continuar a descer], a expectativa que nós temos é que o Governo [da República] e o Governo dos Açores se entendam” na concessão de ajudas ao setor, para que os açorianos possam “competir com os colegas do continente em matéria de carne e leite”, acrescentou.
Também em declarações aos jornalistas, o líder do grupo parlamentar do PS/Açores, Vasco Cordeiro, destacou a necessidade de o Governo Regional “mobilizar todos esforços que puder para que se aproveitem os fundos comunitários que estão à disposição dos agricultores”.
“Os indicadores que temos levam-nos a uma grande preocupação nesse aspeto, uma vez que há uma fortíssima probabilidade de a região perder fundos comunitários na área da agricultura”, afirmou o também líder do PS/Açores.
Vasco Cordeiro apontou, por outro lado, que “no primeiro trimestre de 2023, a taxa de execução [do plano de investimento anual] está nos 14%”, o que “não é compreensível num momento em que aquilo que a agricultura necessita é que haja uma capacidade reforçada de aproveitar os fundos à disposição para que o setor não perca dinheiro”.
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