O relatório global da Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (UNESCO) "Why the World Needs Happy Schools", agora divulgado, mostra que tanto os diretores como os professores portugueses destacam a felicidade como um pilar da educação.

Oito em cada dez professores inquiridos disseram sentir orgulho na criação de um ambiente positivo na sala de aula e 68,5% disse sentir felicidade ao ensinar, segundo um balanço da implementação do modelo "Happy Schools", que existe há seis anos em Portugal.

Dois em cada três professores encaram o futuro com esperança e mais de metade (55,4%) deseja "currículos mais cativantes", segundo as respostas de 2.042 professores.

No entanto, num outro inquérito, os professores disseram sentir-se mais infelizes na escola do que nas suas vidas pessoais, expressando descontentamento com a falta de reconhecimento, salários baixos e excesso de burocracia.

Estes últimos dados foram recolhidos pela Atlântica - Instituto Universitário, que criou uma ferramenta para medir os níveis de felicidade nas escolas, que foi aplicada pela primeira vez em novembro do ano passado junto de 845 professores.

Regressando aos resultados do inquérito da UNESCO, ao qual responderam também 115 diretores de escolas portuguesas, estes responsáveis defenderam que o foco no bem-estar tem contribuído para ambientes de aprendizagem mais felizes e positivos: 99,1% dão prioridade à criação de uma cultura escolar feliz.

Já 97% dos diretores consideram que as suas escolas são lugares seguros, 90% reportam um clima escolar positivo e 86% afirmam ter colocado o bem-estar dos alunos e professores em primeiro lugar, acrescenta o estudo agora divulgado.

Três em cada quatro diretores (76%) disseram ser sua intenção promover um ensino inovador, personalizado e com um maior foco na criatividade.

Nos últimos anos, o programa nacional passou a oferecer também uma formação dos diretores portugueses, na qual já participaram 240 diretores, estando agendado o próximo curso para abril.

Em Portugal, o estudo das escolas felizes está a ser desenvolvido pelo Programa Happy School, uma parceria entre a Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE) e a Atlântica - Instituto Universitário, entidade responsável pela ferramenta que mede a felicidade nas escolas.

O relatório fez ainda uma compilação de indicadores sobre temáticas como o ‘bullying’, o abandono escolar e a saúde mental a nível mundial.

No mundo, "um em cada três alunos é vítima de ‘bullying’ na escola todos os meses", estando "o ‘ciberbullying’ generalizado a nível mundial", segundo dados da UNESCO relativos a 2019 e citados no relatório, que não apresenta dados nacionais sobre o fenómeno.

Este mês nasceu em Portugal o Observatório da Convivência Escolar, um projeto que disponibiliza uma plataforma para denúncias de casos e para apoiar as vítimas, as famílias e a comunidade escolar.

O Observatório reúne a Federação Nacional de Educação, a Confederação Nacional das Associações de Pais, a Associação de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas e ainda a Associação para a Formação e Investigação em Educação e Trabalho.