“Neste momento, as escolas já estão a contratar e, salvo melhor opinião, ilegalmente, professores sem qualquer requisito habilitacional”, alegou.

Em conferência de imprensa, que decorreu durante a tarde em Coimbra, Mário Nogueira aludiu aos mais de 4.100 professores contratados, até ao momento, por oferta de escola e que são “esmagadoramente professores com habilitação própria” (não têm a formação pedagógica, mas têm a habilitação científica).

“Nós temos, pelo menos em Lisboa, grupos de recrutamento da educação especial, em que estão a ir buscar técnicos especiais. Ou seja, há uma escola em Lisboa que já tem cinco ou seis chamados animadores de inclusão, que estão a preencher horários de docentes de educação especial”, revelou.

Segundo o secretário-geral da Fenprof, também a Escola de Camarate, em Loures; e a Escola de Santa Maria dos Olivais, em Lisboa; têm técnicos especializados a substituir professores.

“Os técnicos especializados são pessoas que não têm nenhum requisito habilitacional e que já estão a ser recrutados pelas próprias escolas. É curioso como o ministro da Educação desvaloriza a formação pedagógica ”, acrescentou.

Mário Nogueira fez referência a uma entrevista do ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, em que diz que o facto de os professores não terem formação pedagógica não o preocupa devido ao “ensino superior ser de grande qualidade” e à “excelente preparação científica”.

“Então, mas e a formação pedagógica não serve para nada? Então acabe-se com ela! Mas, não é isto que se quer, nem pode ser, porque a formação pedagógica é importantíssima e, é por isso que o próprio senhor ministro prevê profissionalizar os professores que o queiram”, disse.

No seu entender, estas contratações, que diz serem ilegais, servem para disfarçar os números.

“O senhor ministro da Educação também está a conseguir disfarçar o problema com o recurso a um número de horas extraordinárias absolutamente extraordinário. Ou seja, até vem dizer que não é nada de mais, porque na maior parte dos casos os docentes estão a fazer apenas uma ou duas horas extraordinárias, o que não representa uma grande sobrecarga para os próprios, mas há professores que podem estar a fazer até 10 horas extraordinárias letivas”, concluiu.