No dia em que arrancou a 1.ª fase dos exames nacionais do ensino secundário, a estrutura sindical que representa os professores recordou as dificuldades acrescidas que marcam nesta altura o trabalho daqueles responsáveis por corrigir as provas e que, segundo a Fenprof, afeta a qualidade dessa tarefa.
“A classificação de provas de exames nacionais é uma função de grande exigência e de especial responsabilidade, requerendo tempo e condições para a sua concretização, de forma a poder ser realizada com qualidade”, escreve a Fenprof em comunicado, sublinhando que este ano acresce ainda “o elevado desgaste emocional” decorrente da pandemia da covid-19.
Ao longo deste período de avaliações externas, os professores recebem um “elevado número” de provas para corrigir, naquilo que a Fenprof considera ser um tempo insuficiente e, muitas vezes, com a sobreposição de outro tipo de serviço letivo e não letivo.
“São sujeitos a uma insuportável sobrecarga de trabalho”, sublinham os representantes dos professores, acrescentando que a situação é ainda mais complexa no caso dos professores que corrigem os exames das línguas estrangeiras e que, além das provas escritas, são ainda convocados para avaliar provas orais noutras escolas.
“Mas há outros problemas que se colocam e, um deles, é a desatualização das bolsas de professores classificadores”, refere ainda, explicando que a medida “faz com que muitos acabem por desempenhar estas funções ano após ano, mesmo que já não se encontrem a lecionar o ano de escolaridade ou a disciplina objeto de exame”.
Segundo a Fenprof, a estrutura sindical já tinha alertado o Ministério da Educação para estes problemas, propondo uma reunião com a tutela para discutir potenciais soluções, mas sem resposta.
Em concreto, propunham, por exemplo, a revisão dos critérios de seleção dos professores classificadores, de forma a promover a rotatividade entre os docentes de cada grupo disciplinar, o aumento do número de professores classificadores, a fixação de um número máximo de provas por docente e o aumento do tempo reservado para essa tarefa.
Sugeriam também que a atribuição de classificação de provas em mais do que uma fase fosse “absolutamente excecional”, e a revisão das normas de realização, vigilância e classificação das provas orais e escritas sob orientação das autoridades de saúde.
A 1.ª fase dos exames nacionais do ensino secundário arrancou hoje às 09:30 com a prova de Português, que inaugurou um processo com mais de 150 mil inscritos para os exames deste mês.
De acordo com os dados estatísticos divulgados pelo Ministério da Educação, há 151.863 alunos inscritos para realizar 246.499 provas nesta fase, que só termina a 16 de junho.
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