Em busca das quatro mil assinaturas necessárias para que a reclamação seja debatida no plenário da AR, um conjunto de professores concentrou-se hoje diante do Colégio dos Carvalhos, em Vila Nova de Gaia, numa iniciativa que será replicada por todo o país.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, associou-se ao evento para criticar a forma como o contrato coletivo de trabalho foi negociado nos últimos três anos pela central sindical UGT.
"A ideia é levar a petição à Assembleia da República, mas não temos um prazo. Pensamos que durante o mês de novembro será possível recolher, pelo menos, as quatro mil assinaturas necessárias para obrigar à discussão no plenário da AR", revelou.
Os cerca de 20 mil professores abrangidos representam, para além do ensino regular particular e cooperativo, as escolas de ensino artístico especializado particular e também do ensino profissional.
O sindicalista frisou viver-se, no ensino particular e cooperativo, "uma situação extremamente complicada" para os professores que ficaram sujeitos a um contrato coletivo de trabalho de que, não havendo outro, muitas entidades patronais se aproveitaram.
"Aumentaram muito os horários de trabalho, reduzindo os salários e assim impedindo a progressão nas carreiras, além de que estão a pressionar e praticamente a obrigar os colegas a aceitá-lo", denunciou o secretário-geral.
Acusando o contrato negociado pela UGT de "não respeitar a natureza da profissão de docente", revelou que atualmente um "professor no ensino particular tem, no mínimo, um horário de trabalho médio semanal de 50 horas, quando o contrato estabelece 35".
"É a própria qualidade do ensino neste contrato imposto pela UGT e as entidades empregadoras que está em causa", argumentou Mário Nogueira, declarando que a petição hoje lançada tem como objetivo "pressionar quer a entidade patronal quer o Ministério da Educação a resolver este grave problema".
O líder da Fenprof anunciou ainda reuniões, a 03 de novembro, com a secretária de Estado da Educação, sobre a questão do ensino particular e cooperativo, e também no dia 14, com a confederação patronal, buscando a "aprovação de um contrato diferente", sendo que, no sábado, às 15:00, haverá concentração em Lisboa, junto à confederação patronal que depois se deslocará para o Ministério da Educação".
Mário Nogueira deu conta ainda da receção, com alguma regularidade, de "denúncias de situações de abuso na utilização de dinheiros públicos e na relação com os professores", na sua maioria "feitas anonimamente por muitos pais".
"São denúncias que encaminhámos para o Ministério Público e para Inspeção Geral de Educação, pois têm também a ver com a organização de turmas para efeitos de financiamento", disse.
O dirigente sindical Fernando Carvalho, professor há cerca de 30 anos no Colégio dos Carvalhos, denunciou que a administração do colégio "implementou este ano de forma abusiva, e foi avisada disso, o contrato da FNE, desrespeitando todos os professores que se encontram filiados no SPN/FENPROF".
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