“Não sei [o que aconteceu], sei que entrámos num saco de fumo e de nevoeiro” e “que, de repente, não vi nada, só vi a traseira do outro reboque” aquando do impacto, contou aos jornalistas o português João Seabra, motorista de um dos cinco camiões envolvidos no choque em cadeia.
De regresso ao local do acidente, depois de receber cuidados médicos no hospital de Elvas (Portalegre), o motorista garantiu que nunca tinha passado por uma experiência desta natureza, em 32 anos de profissão.
“Aquilo era nevoeiro com fumo, não pode ser só nevoeiro. Eu tenho larga experiência de conduzir camiões e tenho passado por muito nevoeiro e nunca me aconteceu uma situação destas”, afirmou João Seabra, de 56 anos.
O português, que apresenta ferimentos na perna e na mão esquerdas, conduzia um veículo pesado de mercadorias, que transportava detergentes, e viajava de Sevilha (Espanha) para o Carregado, no concelho de Alenquer (Lisboa).
Descrevendo o acidente verificado na A6, entre a fronteira do Caia e Elvas, no sentido de Espanha para Portugal, como tendo sido de “enorme aparato”, o ferido relatou que, após o embate, “só ouvia” carros a bater na traseira do seu camião.
Mas o importante, vincou aos jornalistas, “é cá estar” para poder contar o que se passou no acidente.
O choque em cadeia, que envolveu cinco pesados de mercadorias e seis veículos ligeiros, ocorreu ao quilómetro 156 da A6 no sentido fronteira do Caia-Elvas e o alerta foi dado às 07:54.
Além do ferido português, o choque em cadeia causou ferimentos ligeiros noutros 16 automobilistas, todos de nacionalidade espanhola, transportados para unidades hospitalares de Badajoz, no país vizinho e a curta distância do local do acidente, confirmaram à agência Lusa fontes da GNR e dos bombeiros.
Segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e a GNR, os feridos espanhóis têm entre os 24 e os 56 anos.
O jornal Hoy, da Extremadura espanhola, consultado pela Lusa, refere que o desastre aconteceu quando “os veículos chegaram a uma zona de nevoeiro espesso” e cita “vários condutores” que afirmam ter-se deparado com “uma parede de nevoeiro e fumo” que os “impedia de ver”.
De acordo com o jornal espanhol, a maioria dos automóveis envolvidos no choque em cadeia era ocupada “por habitantes de Badajoz” que “se deslocavam a essa hora para Portugal para os seus postos de trabalho”.
Também o jornal El Periódico Extremadura, igualmente consultado pela Lusa, noticia que “o nevoeiro espesso foi a causa” do acidente na A6.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Elvas, Tiago Bugio, admitiu à Lusa que a causa da colisão possa ter sido a fraca visibilidade devido ao “nevoeiro cerrado”, mas o capitão José Amaral, do Destacamento de Trânsito de Évora da GNR, disse aos jornalistas que continuam por apurar as causas do acidente, que vão ser investigadas, e escusou-se a confirmar a hipótese do nevoeiro.
Rolos de algodão e fio de cobre eram alguns dos materiais transportados nos camiões envolvidos no sinistro, constatou a Lusa no local.
As operações de socorro mobilizaram vários meios do INEM, bombeiros de Elvas e Campo Maior, GNR e de autoridades espanholas.
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