“Na Administração Pública portuguesa, onde os dados mais recentes referem que cerca de 60% dos postos de trabalho são ocupados por mulheres, a pandemia de SARS-CoV-2, em conjunto com tudo o que ela acarretou em termos de prestação de trabalho, tanto presencial como não presencial, tornou evidente a necessidade de haver um cada vez maior empenho no aprofundamento de todas as questões relacionadas com a conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar”, referiu a federação numa moção aprovada para assinalar o Dia Internacional da Mulher.
No documento, salienta que os dois anos de pandemia tiveram “consequências desastrosas para a vida das pessoas e para os seus meios de subsistência”.
“As perdas de emprego e de rendimentos a que assistimos não têm precedentes — aproximadamente quatro vezes mais importantes do que as verificadas durante a crise financeira global de 2009”, refere a moção.
Segundo a FESAP, a crise abrange todas as pessoas, mas nem todas são afetadas da mesma forma.
“Se a vulnerabilidade social das mulheres é por regra alta, essa vulnerabilidade aumenta ainda mais para as mulheres jovens, as mulheres negras, as trabalhadoras migrantes, e as que trabalham na economia informal, incluindo as trabalhadoras domésticas e as mulheres portadoras de deficiência, que acabaram por ser as mais atingidas pela crise. De acordo com os dados mais recentes, em 2021, o mundo do trabalho registou um decréscimo de 13 milhões de mulheres relativamente a 2019”, afirma no documento.
Por isso, a FESAP defende na moção “a urgência de implementar políticas e medidas que levem em conta a dimensão do género” e lembra que o secretário-geral das Nações Unidas, referiu que podem ser criados cerca de 269 milhões de novos empregos até 2030 se se duplicarem “os investimentos na área da educação, da saúde e dos serviços sociais”.
“Investir nos cuidados — saúde, educação, assistência a crianças e pessoas idosas, ou noutros serviços sociais — permitiria a criação de milhões de novos empregos decentes para as mulheres, capacitando-as a participar ativamente na economia como um todo e contribuindo para uma construção de sociedades mais justas, mais inclusivas e mais dignas”, defendeu a FESAP.
A federação sindical lembrou que as mulheres representam dois terços da força de trabalho global, mas muitas delas ainda estão em empregos mal pagos, precários ou informais.
“Exigimos empregos decentes para os profissionais do setor da prestação de cuidados, com condições de trabalho seguras, com salários adequados e proteção social”, defende a FESAP, tendo em conta que estes são setores onde trabalham sobretudo mulheres e onde os salários são geralmente baixos.
O secretário-geral da FESAP, José Abraão, lembrou em conferência de imprensa, a propósito do Dia da Mulher, as mulheres e mães ucranianas que têm estado a enfrentar os efeitos de “uma guerra injustificável e condenável”.
A assembleia-geral da FESAP aprovou hoje um documento reivindicativo com prioridades para a função pública, que vai enviar ao Governo, a moção pela igualdade e uma moção de solidariedade para com o povo da Ucrânia, no qual condenam a invasão russa.
A FESAP apelou para a paz, ao fim dos bombardeamentos por parte da Rússia e ao respeito pela soberania ucraniana.
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