Numa conferência de imprensa para apresentar a iniciativa, o presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, salientou a importância de promover as iguarias à base de lampreia, para cativar “novos públicos” na área do turismo gastronómico.
Nos três dias do festival, beneficiando da oferta de doçaria conventual pela autarquia, os apreciadores poderão saborear o “arroz de lampreia à moda de Penacova” a um preço mais acessível do que o habitual durante a época, que decorre de janeiro a abril.
À hora da sobremesa, os comensais da lampreia têm à sua disposição nos restaurantes os pastéis de Lorvão e as nevadas de Penacova, os doces conventuais mais afamados deste município do distrito de Coimbra, banhado pelo rio Mondego.
Mais uma vez, o Festival da Lampreia de Penacova, fundado há 21 anos, resulta de “uma parceria entre o município e os restaurantes”, dispersos um pouco por todo o concelho, para a qual também contribui a Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego, cujo diretor executivo, Mário Fidalgo, esteve presente na apresentação, na praia fluvial do Reconquinho.
Para Humberto Oliveira, importa que os promotores “consigam um momento marcante” na projeção de Penacova a nível nacional, além da dinamização de uma economia local cujas potencialidades turísticas assentam sobretudo na natureza, na gastronomia e no património.
O município deve ser “cada vez mais um território da gastronomia e do bem receber”, defendeu o autarca do PS.
No último dia do Festival da Lampreia, domingo, realiza-se em Penacova o primeiro Encontro de Gaiteiros, o que contribuirá para alguma animação musical junto aos restaurantes, em especial à hora do almoço.
Durante o festival, os restaurantes acordam entre si os preços, com a dose de arroz do ciclóstomo a 20 euros, enquanto uma lampreia inteira custa 60 euros.
Humberto Oliveira admitiu que nem todas as lampreias consumidas localmente na época são capturadas no Mondego ou seus afluentes próximos, havendo necessidade de comprar parte delas no exterior.
A construção de açudes, entre Figueira da Foz e Penacova, “trouxe dificuldades” à passagem da lampreia e diversos peixes que vão desovar a montante.
“A lampreia também sobe cada vez mais tarde”, acrescentou o presidente da Câmara.
A autarquia investe cerca de 30 mil euros nesta edição do festival, designadamente na sua promoção e nas sobremesas oferecidas entre sexta-feira e sábado.
No Festival da Lampreia de 2018, os restaurantes locais serviram cerca de 4.000 refeições à base do prato tradicional, segundo Humberto Oliveira, que destacou a “importância económica do evento” para o concelho.
Há dois anos, Pedro Raposo Almeida, da Universidade de Évora, disse à agência Lusa que o número de lampreias que subiram o Mondego através da escada de peixe de Coimbra, desde 2013, tem sido irregular.
Responsável pela monitorização da passagem de lampreias, o investigador, que coordenou o projeto “Reabilitação dos habitats de peixes diádromos na bacia hidrográfica do Mondego”, disse que apenas 30 a 40% das lampreias que ultrapassam a escada, na ponte-açude de Coimbra, são capturadas a montante para consumo.
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