“Nesta manhã, antes do começar o comício, liguei para a outra parte para perguntar sobre o nosso processo de desarmamento, desmobilização e reconciliação”, disse Filipe Nyusi, falando num comício no distrito de Mucuba, na província da Zambézia, no âmbito da campanha eleitoral que termina no sábado.
Para Filipe Nyusi, não faz sentido que ainda existam homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, nas matas, na medida em que essas pessoas podiam contribuir para o desenvolvimento do país.
“Esses [guerrilheiros] que estão aí no mato devem desistir e vir para aqui”, afirmou o líder da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde a independência, em 1975.
Nyusi disse ainda que o tema da paz e reconciliação deve ser sempre uma prioridade.
“Este é um processo que teremos de debater sempre. Mesmo agora em campanha eu ligo e ele também. Temos de terminar isso”, acrescentou o chefe de Estado moçambicano.
Apesar das hostilidades entre Governo e Renamo terem cessado em dezembro de 2016 e de a paz ter sido formalmente subscrita através de acordos assinados em 06 de agosto, um grupo de guerrilheiros da Renamo, liderados por Mariano Nhongo, tenente-general, permanece “entrincheirado nas matas”.
O grupo considera que o acordo de paz assinado entre o chefe de Estado moçambicano e o presidente da Renamo, Ossufo Momade, é nulo, na medida em que, segundo estes guerrilheiros da Renamo, o atual líder não representa a ala militar do partido.
O grupo, que se autodenomina Junta Militar da Renamo, contesta Ossufo Momade e os acordos assinados por este, nomeadamente os que regulam o desarmamento e reintegração dos guerrilheiros na sociedade.
O Governo moçambicano e a Renamo já tinham assinado em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais.
Em 2014, as duas partes assinaram um outro acordo de cessação das hostilidades militares, que também voltou a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas sem um acordo formal.
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