O mais potente no mundo desde o início do ano, o tufão Mangkhut destruiu casas, no sábado, e inundou regiões agrícolas no norte das Filipinas, antes de continuar a sua passagem por Hong Kong e pela China, país onde deixou quatro mortos.

Desde então, o número de mortos nas Filipinas cresce à medida que os socorristas encontram os corpos sob a lama do enorme deslizamento de terra ocorrido em Itogon, onde se suspeita que há dezenas de soterrados.

"Segundo a lista, 59 pessoas continuam desaparecidas [em Itogon]", disse à AFP Ricardo Jalad, membro da Defesa Civil. "É possível" que o número de mortos "passe dos 100".

Equipas de resgate cavavam com pás e até com as mãos à procura de desaparecidos, após o deslizamento destruir estradas, o que impediu o envio de equipamento pesado para acelerar a busca.

Em apenas algumas horas, o tufão liberou na região o equivalente a um mês de chuva. A catástrofe era quase certa, já que a chegada do Mangkhut aconteceu depois de um mês de chuvas quase ininterruptas que fragilizaram o solo na região.

Parte das vítimas mortais do tufão morreu em deslizamentos de terra provocados pela sua passagem na Cordilheira filipina, um setor de alta atividade mineradora.

Muitos dos mortos em Itogon eram mineiros que se abrigavam com as famílias numa construção abandonada por uma empresa.

Regiões inteiras do norte de Luzon, que fornecem normalmente uma importante parte da produção de arroz e milho do arquipélago, estavam debaixo de água. As perdas podem passar de 100 mil milhões de dólares.

De acordo com as últimas informações da Polícia Nacional, o maior tufão da temporada deixou também 71 feridos na sua passagem pelo norte da ilha de Luzon, no extremo norte do país.

O número de afetados nas Filipinas já ultrapassa um milhão, de acordo com as últimas informações do Centro Nacional de Redução de Desastres. Entre as 150.000 pessoas que tiveram de ser retiradas, 60.000 ainda se encontram em centros de abrigo.

As autoridades estimam que a maioria terá que permanecer pelo menos mais três semanas nestes abrigos, onde as condições de higiene, saneamento e água potável são cada vez mais precárias, segundo a Cruz Vermelha.

"Nesta primeira intervenção, a nossa prioridade é garantir água e saneamento à população afetada, e depois logo nos concentraremos na segurança económica das famílias", disse à agência Efe o chefe da delegação da Cruz Vermelha nas Filipinas, Luis Carrasco.

Depois da devastadora passagem pelas Filipinas, o tufão seguiu para a China, afetando sobretudo a província de Guangdong, no sul, onde pelo menos quatro pessoas morreram e 2,5 milhões tiveram de ser realojadas, de acordo com a comunicação social estatal.

O tufão semeou caos em Hong Kong com rajadas de até 240 km/h, que fizeram as torres balançarem. Hoje, prosseguia a limpeza das ruas, enquanto as escolas continuam fechadas.

A região administrativa de Macau também foi afetada pelo tufão, com registo de 40 feridos, segundo o último balanço oficial.

No domingo, o sinal 10 de tempestade tropical, o máximo de uma escala com 1, 3, 8 e 9, esteve em vigor durante nove horas naquele território, o mais longo período registado desde 1968.