A Conferência Europeia de Gás, realizada em Viena, na Áustria, entre 27 e 29 de março, ficou marcada por manifestações e bloqueios, por parte de centenas de ativistas, que defendem o fim do gás fóssil, e a aposta na produção de eletricidade 100% proveniente de fontes de energia renovável. A manifestação encheu capas de jornais, fez correr muita tinta na imprensa por todo o mundo, mas a verdade é que também em Portugal houve quem tivesse protestado pela mesma causa.
Não encheu primeiras páginas, mas a plataforma 'Parar o Gás' saiu à rua, em protesto contra o uso deste combustível, no passado dia 25 de março, na Central de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro, no Porto, onde colocaram duas faixas, no topo de uma das torres principais da infraestrutura, onde se lia “Parar o gás” e “Vossos lucros = Nossa pobreza”.
Duas manifestações diferentes, em escala, mas com o mesmo propósito: o fim do gás fóssil.
"As empresas de combustíveis fósseis impedem esta transição, prendendo-nos ao gás fóssil, que agrava cada vez mais a crise climática. Para além deste crime contra a sobrevivência de todas nós, estas empresas subiram o preço de gás o que se traduziu em lucros históricos que estão a ser pagos pelas pessoas. Estes lucros são a causa principal da maior inflação desde que há euro, sentida na subida dos preços em todos os sectores, desde a comida à habitação. Portanto, os accionistas enriquecem como nunca à custa do nosso empobrecimento. A energia é um bem essencial, não pode ser gerida pelo lucro”, disse uma porta-voz da plataforma.
Os ativistas a nível mundial gritam assim pelo fim do gás. E em Portugal, está-se perto de que isso aconteça?
Em 2019, João Galamba, agora Ministro das Infraestruturas, mas que na altura era Secretário de Estado Adjunto e da Energia, defendia a aposta na eletrificação, salientando que seria dada também uma "atenção redobrada ao gás renovável, nomeadamente biometano e hidrogénio a partir de resíduos e biomassa, mas também com forte aposta do aproveitamento dos baixos custos de produção de energia renovável".
O mesmo João Galamba foi também aquele que criticou, no ano passado, o plano de Bruxelas para poupar gás, concretamente 15%, salientando na altura que "Portugal aumentou em 67% o volume de gás natural consumido para produzir eletricidade, em relação à média dos últimos cinco anos". Contudo, alguns meses depois, em dezembro, o ministro apontava 2023 como o ano de entrada para "os primeiros projetos de uso de hidrogénio".
Muita indefinição no futuro do gás em Portugal, portanto, algo que leva a que o próximo 'grito' deste grupo de ativistas português esteja marcado para o próximo dia 13 de maio e o objetivo é ousado, travar o funcionamento da entrada principal de gás em Portugal, o Porto de Sines.
"Vamos travar com as nossas próprias mãos o funcionamento destas empresas criminosas e das suas infraestruturas de gás até o crime parar. Centenas de pessoas vão se juntar para travar o funcionamento da entrada principal de gás em Portugal – o terminal de Gás Natural Liquefeito no Porto de Sines – no maior e mais disruptivo protesto coletivo que já fizemos! O que reivindicamos é simples: eletricidade 100% renovável e acessível a todas as pessoas em Portugal até 2025", lê-se na mensagem da Plataforma.
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