“Quero transmitir esta mensagem de solidariedade às comunidades locais pela forma como se têm mobilizado e dar uma palavra aos bombeiros e a todas as forças e serviços da proteção civil” que têm combatido um incêndio que “é uma tragédia do ponto de vista do ambiente, da biodiversidade e do património ambiental”, disse José Luís Carneiro, em declarações aos jornalistas à margem da sessão solene de abertura do programa das festas do concelho de Ansião, no distrito de Leiria.

O incêndio deflagrou na madrugada do dia 06 em Garrocho, no concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e as chamas estenderam-se depois ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.

Adiantando que irá visitar a zona ardida quando o fogo terminar, o ministro salientou que “o país está a empregar todo o conhecimento que tem na gestão de circunstâncias muito difíceis”.

“Recordo como foi dito por um grande especialista da universidade de Coimbra [Miguel Almeida, investigador da Universidade de Coimbra], que estão conjugados todos os fatores críticos”, salientou.

José Luís Carneiro apontou as condições meteorológicas, a seca extrema, a massa floresta que desde 2003/2004 se foi acumulando e “a não existência de acessos ao interior da floresta” como um “contexto de grande complexidade”.

Ainda segundo o ministro da Administração Interna, perante este contexto “só mesmo o espírito e a força de cooperação entre todas as forças e serviços, autarcas, comunidades locais, bombeiros, agentes, atores de toda a proteção civil” permite perspetivar que se possa “tão breve quanto possível, encontrar solução para esse incêndio”.

Questionado sobre as declarações à Lusa do investigador Joaquim Sande Silva, que considerou que o incêndio que afeta a serra da Estrela também deve ser analisado por uma estrutura idêntica à criada após os fogos de há cinco anos, mas ‘a posteriori’, quando terminar, o ministro disse que o momento é “garantir o combate e conseguir debelar” o fogo.

“Depois, como foi dito também pelo senhor primeiro-ministro, é estudar a forma como o incêndio se iniciou, como se desenvolveu, porque da avaliação deve resultar naturalmente melhoria e uma aprendizagem contínua que é feita e deve ser feita em circunstâncias que serão todas elas muito exigentes e mais complexas no futuro”, adiantou.

O ministro da Administração Interna insistiu que a forma de combater os incêndios é “evitá-los”, recordando que uma percentagem muito elevada das ignições tem que ver com o mau uso do fogo ou com mau uso de máquinas em espaço florestal.

Além disso, acrescentou, é também necessário fazer um combate “sem tréguas àqueles que são incendiários”.

O ministro da Administração Interna salientou ainda a necessidade de não se “baixar a guarda” até às primeiras chuvas do outono, recordando o incêndio no Pinhal de Leiria, em outubro em 2017.

“A informação que temos da meteorologia é de que as temperaturas vão de novo aumentar. A seca extrema é conhecida de todos. Não podemos baixar a guarda, porque temos muitas semanas pela frente e não podemos esquecer o que se passou em 2017. Houve um primeiro período [de fogos] em junho e depois voltou a haver grandes incêndios em outubro”, lembrou.

José Luís Carneiro pediu ainda à população, “neste período especial em que o país vive as suas festividades locais”, para ter todos os cuidados, nomeadamente no uso do fogo e de máquinas, devendo ser respeitadas as orientações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Reforço no investimento das forças de segurança demonstra aposta nos operacionais

O ministro da Administração Interna disse ainda que o reforço no investimento das forças de segurança aprovado pelo Governo demonstra a aposta na melhoria das condições dos operacionais.

“O Governo aprovou no Conselho de Ministros de 28 de julho o investimento plurianual em infraestruturas e equipamentos das Forças de Segurança, para 2022-26, correspondente a um reforço de verbas no valor de mais de 607 milhões de euros”, disse José Luís Carneiro, na sua intervenção na sessão solene de abertura do programa das festas de Ansião, no distrito de Leiria.

Segundo o ministro da Administração Interna, “a aprovação e consequente execução do investimento plurianual é demonstrativo” das “ambições muito claras” da tutela: “Melhorar as condições de trabalho daquelas e daqueles que servem as forças e serviços de segurança para executarem cabalmente as suas missões”.

Segundo explicou, o investimento agora aprovado “dá continuidade a um programa que se iniciou em 2017 e que culminou em 2022, e permitiu a execução de mais de 340 milhões de euros na melhoria das infraestruturas e na modernização dos equipamentos de apoio”.

“Este é o maior volume de investimento de sempre na modernização, requalificação e dignificação das condições de trabalho e de melhores indicadores de operacionalidade das forças e serviços de segurança”, sublinhou.

José Luís Carneiro acrescentou que, “na mesma linha de execução de uma política de investimento virada para o rejuvenescimento e formação de recursos humanos das forças de segurança, em 2022 procedeu-se à admissão de mais 2.600 elementos, para além dos mais de 1.400 agentes da PSP e de militares da GNR que terminam a sua formação este ano”.

Para o ministro, “há que manter o que é sólido, mas também reformar o que tem de se adaptar a novos tempos” e, “claro, investir na melhoria das condições de trabalho daqueles que servem o Estado de Direito”.

“Cabe aqui a aposta na motivação e na atratividade das forças e serviços de segurança, num propósito especialmente orientado” para “valorizar todos os homens e mulheres que zelam pela segurança e bem-estar de todos” e “mobilizar as novas gerações para uma carreira ao serviço dos desígnios da segurança nacional”.

O governante considerou que a “primeira prioridade” do Estado é “mesmo a segurança, porque é ela que permite as outras funções económicas, sociais, culturais e de afirmação e do prestígio da administração pública e do Estado”.

No âmbito de uma “conceção de segurança integrada que valorize uma perceção de segurança coletiva”, o MAI aposta num “conceito de segurança interna orientado para uma maior proximidade entre as forças e serviços de segurança e as populações que servem”.

Nesse sentido, José Luís Carneiro anunciou que irá, em breve, executar a Estratégia Integrada de Segurança Urbana, que “revitalizará programas como os Contratos Locais de Segurança, o Noite Segura, o Idosos em Segurança, o Escola Segura e o Comércio Seguro”.

“Trata-se de uma aposta no policiamento de proximidade que continuará a ter em conta a especificidade de cada território, quer nas áreas urbanas quer nas áreas menos densamente povoadas, cumprindo o desígnio da coesão territorial”, reforçou.

José Luís Carneiro rematou: “A segurança não é um bem adquirido permanente. É um bem que exige um compromisso todos os dias e de todos nós”.

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