A coligação de esquerda terá assegurado entre 177 e 198 lugares na Assembleia Nacional, o parlamento francês, segundo as últimas projeções e resultados parciais, enquanto a aliança centrista do Presidente francês, Emmanuel Macron, segue em segundo lugar, com 152 a 169 lugares, tendo a extrema-direita da União Nacional caído da liderança que obteve na primeira volta para um terceiro lugar no domingo, com a conquista de entre 135 e 143 lugares.
Com estes resultados nenhum dos partidos concorrentes às eleições obterá os 289 lugares necessários para uma maioria absoluta na assembleia de 577 lugares. Ainda assim, o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, quer apresentar um candidato a primeiro-ministro, afirmando que a escolha vai ser feita "esta semana".
Depois de encerradas as urnas e conhecidas as projeções, Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa que integra a aliança de esquerda, exigiu também a Macron que nomeie um primeiro-ministro da NFP.
“O nosso povo rejeitou claramente a pior solução possível”, afirmou Mélenchon, acrescentando que o primeiro-ministro, Gabriel Attal, deve sair e a NFP deve governar, o que foi recebido com muitos aplausos e gritos de apoio por parte dos apoiantes.
Desde a residência oficial, o ainda chefe do executivo anunciou que na segunda-feira de manhã vai apresentar a demissão ao Presidente da República, afirmando, porém, que poderá permanecer no cargo “enquanto o dever o exigir”, nomeadamente no contexto dos Jogos Olímpicos que o país se prepara para acolher.
O líder da União Nacional (RN na sigla em francês), Jordan Bardella, salientou que o partido registou o seu “maior avanço na história”, duplicando o número de deputados, e criticou “os arranjos eleitorais” que “atiraram a França para os braços da extrema-esquerda”.
“A aliança da desonra e os arranjos eleitorais perigosos negociados por Emmanuel Macron e Gabriel Attal com as formações de extrema-esquerda impedem os franceses de terem uma política de recuperação nacional”, criticou Bardella, enquanto Marine Le Pen, figura de proa do partido da extrema-direita, garantiu que a vitória ficou “apenas adiada”.
O Partido Socialista francês, integrado na NFP, avisou que não aceitará qualquer “coligação de opostos que traia o voto dos franceses e prolongue as políticas macronistas”.
“França merecia mais do que a alternativa entre neoliberalismo e fascismo”, declarou Olivier Faure.
Stéphane Séjourné, secretário-geral do partido do Presidente francês, o Renascimento, afirmou ser óbvio que a NFP “não pode governar a França”, uma vez que nenhuma coligação tem maioria na Assembleia Nacional.
Logo ao início da noite, a equipa de Macron tinha feito saber que o Presidente vai esperar que a nova Assembleia Nacional esteja “estruturada” para “tomar as decisões necessárias” e apelou para “prudência” na análise das projeções.
Na primeira volta, em 30 de junho, o partido de extrema-direita conseguiu vencer pela primeira vez as eleições legislativas, ao obter 33,1% dos votos e quase duplicar o seu apoio desde que a França elegeu a sua Assembleia Nacional pela última vez, em 2022.
Seguiu-se a NFP (que junta socialistas, ecologistas e comunistas e é liderada pela França Insubmissa (LFI), partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon), com 28%. O Ensemble (Juntos) de Macron obteve 20%.
As legislativas francesas foram convocadas por Macron, após a derrota do seu partido e a acentuada subida da União Nacional nas eleições para o Parlamento Europeu de 09 de junho. A escolha de um novo executivo deveria ocorrer apenas em 2027.
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