"O Bloco de Esquerda congratula Jean-Luc Mélenchon e o movimento França Insubmissa pelos históricos resultados de 23 de abril. Os eleitores da esquerda quiseram derrotar as ideias de Marine Le Pen na primeira volta e saberão contribuir para a derrotar na segunda volta", veicularam os bloquistas em comunicado.
Numa primeira reação à Agência Lusa, a dirigente e eurodeputada Marisa Matias tinha sublinhado que os resultados da primeira volta nas eleições presidenciais francesas "mostram que há uma crise do sistema político", expressando preocupação com as projeções para a segunda volta.
"O mais importante facto novo destas eleições foi a ascensão do candidato Jean-Luc Mélenchon, na base de um programa abertamente antirracista e de defesa dos imigrantes, comprometido com o Estado social e em confronto com os tratados europeus e com as regras do euro. Mélenchon provou a presença de um setor social mobilizado à esquerda, imune à pressão xenófoba e em confronto com a Europa da austeridade", lê-se no comunicado do Bloco.
Numa declaração perante os seus apoiantes, no domingo, Jean-Luc Mélenchon revelou que vai consultar os militantes para decidir se apoia Macron ou Le Pen na segunda volta: "Não recebi nenhum mandato das 450 mil pessoas que decidiram apresentar a minha candidatura para me expressar no seu lugar. Estão convocados a apresentar-se e o resultado da sua expressão será tornado público", declarou.
Para o BE, é a mobilização em torno de Mélenchon "que garante uma alternativa política às forças da injustiça económica e social que alimenta o crescimento da extrema-direita".
"Durante a campanha e depois, as forças do ‘centrão' atacam o movimento de Mélenchon como simétrico da extrema-direita de Le Pen. Esse insulto recorrente demonstra a principal preocupação deste centro político em perda abrupta de base social: socialistas e gaullistas habituaram-se a uma extrema-direita forte mas contida, pressionando por políticas reacionárias e anti-imigrantes que a Europa tem seguido amplamente", sustentam, no comunicado.
"A Frente Nacional permite ainda condenar como populista e xenófoba qualquer crítica da política europeia e da sua burocracia. Com o fenómeno Mélenchon, esse equilíbrio entrou em crise e a esquerda francesa, contra todos os agoiros, gritou ?presente!'", acrescentam.
Os bloquistas consideraram ainda que os resultados da primeira volta das eleições presidenciais francesas são "mais um sintoma da profunda desagregação do centro político na União Europeia".
"Os candidatos oficiais dos dois maiores partidos - Republicanos e Partido Socialista - não somaram mais de um quarto dos votos. Este resultado é o fruto do alinhamento do governo Hollande com todas as opções tomadas pelo governo alemão à cabeça da União Europeia: na punição da Grécia, no acordo com a Turquia para a perseguição aos refugiados, na austeridade permanente", defendem.
O liberal pró-europeu Emmanuel Macron venceu a primeira volta das presidenciais francesas com 24,01% dos votos, à frente da líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen que conseguiu 21,30% dos votos, segundo os resultados definitivos do escrutínio de domingo.
Segundos os resultados publicados hoje pelo Ministério do Interior francês, o candidato conservador François Fillon ficou na terceira posição com 20,01% dos votos, seguido pelo candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon com 19,58% dos votos.
Estes dados já incluem o voto dos cidadãos franceses que vivem no estrangeiro.
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