Por volta das 07:00 locais (06:00 em Lisboa), agentes daquele município e da capital francesa entraram no parque André Citroën, no sul de Paris, para evacuar as barracas, sob escolta policial e na presença de voluntários de várias associações.

No total, de acordo com o Ministério do Interior de França, 1.210 pessoas foram retiradas e abrigadas, incluindo 540 na Ilha de França e 670 noutras províncias.

De forma pacífica, os desalojados, na maioria oriundos do Afeganistão e da África Subsaariana, foram levados primeiro para centros de receção e de averiguação de situações administrativas.

“O exame das situações administrativas vai permitir definir os cuidados mais adequados à situação de cada um e as possibilidades de encaminhamento para o sistema nacional de acolhimento de requerentes de asilo ou para sistemas de alojamento de urgência e acesso à habitação”, especificou o ministério.

Yaseen Saleem, uma afegã de 24 anos que chegou a França há seis meses, disse que esperava “alojamento durável” diferente do que lhe fora facultado da última vez em que permanecera apenas uma semana num apartamento em Saint-Germain-en-Laye, nos subúrbios de Paris.

“Eu quero morar aqui, não tenho família aqui. A França é a minha família”, disse, acrescentando que “em outubro começará a arrefecer, tornando-se muito difícil viver numa barraca”.

Já Yann Manzi, fundador da associação Utopia56, expressou vontade de continuar a “tornar visível o invisível”.

“Não queremos mais esse pingue-pongue que vivemos há décadas, colocados em abrigo e colocados na rua”, referiu, acrescentando que os migrantes querem “apenas uma moradia de longo prazo para todas as pessoas que lá estavam”.

“Está na hora de reformular o sistema de receção”, argumentou.

Este acampamento frente ao município da Ilha de França foi a décima ação do Coletivo Requisições, que reúne várias associações, como Utopia56, Solidariedade Migrantes Wilson, Crianças do Afeganistão, que têm multiplicado ações para tornar visíveis os exilados de rua.

Em julho último, a organização ocupou a Praça des Vosges, no centro de Paris, depois de em maio ter ocupado um ginásio do município e em janeiro uma antiga creche.