Depois de os talibãs terem tomado o poder, a 15 de agosto, o país ficou à beira do colapso económico e a situação tornou-se crítica para milhões de afegãos, já afetados por uma seca severa e pelas consequências da pandemia de covid-19.

Segundo a ONU, na ausência de apoio, a quase totalidade da população afegã (97%) corre o risco de ficar abaixo do limiar da pobreza no próximo ano, em contraste com os atuais 72%.

“Perto de metade da população está agora em perigo, incluindo mais de quatro milhões de mulheres e quase dez milhões de crianças. A nossa responsabilidade é estar ao seu lado nesta nova provação”, declarou o chefe da diplomacia francês numa reunião ministerial de alto nível realizada em Genebra, destinada a recolher ajuda financeira de emergência para o Afeganistão, durante a qual a França prometeu “100 milhões de euros para fazer face à emergência”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou-se muito satisfeito com o resultado da conferência ministerial, na qual a forte participação e os compromissos financeiros mostram, na sua opinião, a mobilização da comunidade internacional para o Afeganistão.

Apesar de calcular o total das promessas de contribuição financeira hoje feitas pelos países doadores em mais de mil milhões de dólares, Guterres reconheceu que é impossível dizer quanto é destinado especificamente ao apelo de emergência lançado pela ONU, que se eleva a 606 milhões de dólares (cerca de 513 milhões de euros) para financiar a ajuda humanitária aos 11 milhões de afegãos em situação de maior necessidade até ao final de 2021, de um total de 38 milhões de habitantes do país.

O responsável máximo das Nações Unidas anunciou que a própria organização vai contribuir com 20 milhões de dólares (cerca de 17 milhões de euros) de um fundo de ajuda de emergência para apoiar imediatamente a ação das agências humanitárias.

Por sua vez, os Estados Unidos comprometeram-se a desbloquear 64 milhões de dólares (cerca de 54 milhões de euros) para este apelo de emergência, o que equivale a um pouco mais que 10% do total.

A Espanha, por seu lado, anunciou uma contribuição de 20 milhões de euros para acudir à emergência humanitária no Afeganistão.