Numa declaração conjunta, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países salientaram “sem reservas que os recentes ataques terão visado instalações civis”, tanto na zona de conflito como noutros locais dos dois países. Jean-Yves Le Drian, Mike Pompeo e Sergei Lavrov repudiaram ainda a “escalada de violência sem precedentes e perigosa dentro e fora da zona de conflito” de Nagorno-Karabakh.

A posição dos três países do Grupo de Minsk — que tem vindo a mediar o diferendo desde 1992 – foi também reforçada com o apelo ao “cessar-fogo imediato e incondicional”, exigindo a Baku e a Erevan o compromisso de retoma do “processo de resolução com base nos princípios básicos relevantes e nos textos internacionais bem conhecidos por ambas as partes”.

O dia ficou marcado por novos confrontos entre as forças separatistas arménias de Nagorno-Karabakh, apoiadas por Erevan, e o exército do Azerbaijão, que terão afetado áreas urbanas na capital separatista Stepanakert e em Gandja, a segunda maior cidade azeri, suscitando o receio da comunidade internacional de novas vítimas civis.

De acordo com relatórios oficiais, 19 civis arménios e 44 azeris foram mortos desde o reinício do conflito, em 27 de setembro, incluindo cinco e 11, respetivamente, desde domingo. Contudo, o balanço militar continua a ser muito parcial, com o Azerbaijão a não anunciar baixas entre os seus soldados, enquanto Karabakh relata 219 mortos. Os dois lados clamam ter matado entre 2.000 a 3.000 soldados inimigos e culpam o inimigo pela escalada do conflito.

Paralelamente, o Canadá anunciou hoje que vai suspender as exportações de armas para a Turquia enquanto está em curso uma investigação sobre possíveis entregas de equipamento militar canadiano ao Azerbaijão pelo governo turco para a sua utilização no conflito de Nagorno-Karabakh.

“De acordo com o rigoroso regime de controlo das exportações do Canadá, e à luz das hostilidades em curso, suspendi as autorizações de exportação relevantes para a Turquia enquanto melhor avalio a situação”, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros François-Philippe Champagne, solicitando “uma ação imediata para estabilizar a situação no terreno”.

No centro das deterioradas relações entre Erevan e Baku encontra-se a região do Nagorno-Karabakh, no Cáucaso do Sul, onde há interesses divergentes de diversas potências, em particular da Turquia, da Rússia, do Irão e de países ocidentais.

Este território, de maioria arménia, integrado em 1921 no Azerbaijão pelas autoridades soviéticas, proclamou unilateralmente a independência em 1991, com o apoio da Arménia.

Na sequência da uma guerra que provocou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk, constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas permaneceram frequentes.

Em julho deste ano, os dois países envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Os combates recentes mais significativos remontam a abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.