"É nossa vontade continuar a ser prestador de serviço público" postal, afirmou Francisco de Lacerda, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, no âmbito de um requerimento do PS sobre a situação da empresa, que anunciou em dezembro um plano de reestruturação.

"Obviamente que sinto a responsabilidade de cumprir o serviço universal e sinto a responsabilidade para que a empresa tenha condições para ser sustentável, para assegurar os postos de trabalho como deve ser e remunerar adequadamente", continuou o gestor, que adiantou que os CTT têm "por tradição" interagir com os autarcas quando procede a encerramento de lojas e abertura de postos.

"Continua a ser uma prática", garantiu, embora admitindo alguma "descoordenação" no início do ano, quando foi anunciado o encerramento de 22 lojas no país.

"Intensificar essa comunicação é uma das tarefas claras", acrescentou.

"A nossa ambição é ter uma boa qualidade" e população com serviço assegurado, disse Francisco de Lacerda, que recordou que os CTT estão presentes em "2.361 sítios pelo país todo", quer através de lojas, quer através de postos.

O presidente executivo dos CTT apontou algumas vantagens relativamente aos postos, que muitas vezes "têm horário mais alargado" que as lojas dos Correios de Portugal, estando inclusivamente abertos nos sábados de manhã.

"Somos o operador da última milha ['last mile'), não estamos a fazer nada para deixar de ser", disse.

Recordou que a empresa está cotada em bolsa, pelo que os CTT têm de falar com o mercado de capitais de "forma aberta".

"Sabemos que estamos sujeitos a vários tipos de escrutínio", apontou.

Francisco de Lacerda reiterou que o grupo não está a despedir.

"Não estamos a fazer despedimentos", garantiu, salientando que das 800 pessoas que o grupo pretende reduzir em três anos - até 2020 -, cerca de metade será por razões naturais.

"Por ano saem cerca de 150 pessoas" dos CTT por razões naturais, o que dá cerca de "450 pessoas em três anos", o que representa mais de metade dos 800 postos que se estimam reduzir num grupo que tem um universo de 12.000, argumentou.

Em dezembro passado, os CTT divulgaram um Plano de Transformação Operacional, que prevê a redução de cerca de 800 trabalhadores na área das operações ao longo de três anos, em consequência do tráfego do correio, de um total de 6.700, dos quais 6.200 efetivos e perto de 500 contratados a termo.

No final de setembro do ano passado, o grupo CTT contava com 12.843 trabalhadores, enquanto no final de dezembro de 2013 - altura em que a empresa foi privatizada, entrando em bolsa - contabilizava 12.383, ou seja, mais 3,7% (mais 460 trabalhadores em quatro anos).

O plano de reestruturação dos CTT prevê também um corte de 25% na remuneração fixa do presidente do Conselho de Administração e do presidente executivo, além da otimização da implantação da rede de lojas, através da conversão de lojas em postos de correio ou do fecho de lojas com pouca procura.