Atualmente coordenador do grupo de trabalho para o plano de vacinação contra a covid-19 e antigo secretário de estado em cinco governos do PS, Francisco Ramos discursou hoje no primeiro comício online da candidata presidencial apoiada pelo BE, Marisa Matias, a quem expressou apoio esta semana.
Francisco Ramos sublinhou a importância do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, concretamente em relação à pandemia de covid-19 em Portugal, recordou que foi este serviço amparou e protegeu os portugueses, avisando que se o combate tivesse sido baseado num modelo da oferta privada a resposta teria sido “bem pior”.
“Se tivéssemos um sistema baseado na lógica de mercado, na oferta privada, nos seguros como é que teria sido? Teria sido melhor? Não acredito. Se tivemos e temos problemas de organização, seria provavelmente bem pior se o modelo não fosse este”, defendeu.
A evolução ao longo dos anos, na perspetiva do antigo secretário de Estado da saúde, coloca “momentos decisivos nos próximos anos, em Portugal e não só, no sentido de uma privatização da saúde”.
“Na minha opinião vêm aí momentos decisivos para escolhermos ou reafirmarmos a escolha que fizemos para a nossa proteção em saúde e aí a vontade política será decisiva”, avisou.
Para Francisco Ramos é preciso “aproveitar estes momentos para pôr argumentos em cima da mesa, fazer demonstração pública, passar informação e demonstrar a toda a gente a importância” do SNS.
“É aquilo que neste momento me move e que me traz aqui a apoiar a Marisa Matias porque sei que com ela estarei no sítio certo para defender estas posições”, justificou.
O antigo governante admitiu que “não será um debate fácil nem um caminho fácil” uma vez que há “muitíssimos problemas para resolver”.
“O desenvolvimento do SNS em Portugal foi quase sempre feito contracorrente porque foi feito nos tempos áureos do liberalismo nos países próximos de nós”, recordou.
Francisco Ramos não esqueceu que “houve dois partidos que votaram contra a lei do SNS, os partidos que constituíram a Aliança Democrática em 1980 e que aliás fizeram legislação imediatamente a tentar revogar o SNS”.
“Hoje já não têm coragem para afirmar essa recusa e aparentemente há um consenso político neste modelo”, apontou, considerando que este consenso “é originado pela prática” até deste ano de pandemia.
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