Os valores constam do “Atlas da Emigração Portuguesa” a ser lançado na próxima semana e são revelados no semanário Expresso: perto de 30% dos cidadãos nascidos em Portugal com idades entre os 15 e os 39 anos já deixaram o país nas últimas décadas.

O número, que consta estar perto dos 850 mil, confirma Portugal como um dos países com maior taxa de emigração do mundo. Em média, 75 mil pessoas saíram anualmente do país desde 2001 — o pico foi em 2013, com 120 mil portugueses a abandonar o território.

Os especialistas entrevistados pelo Expresso alertam para os impactos desta fuga de jovens. De acordo com Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório da Emigração, este valor tem "um efeito muito complicado na fecundidade” pois significa que quase um terço das mulheres em idade fértil saíram para a emigração. Aliás, Pena Pires afirma que os filhos de mãe portuguesa no estrangeiro “já equivalem a cerca de 20% do total de nascimentos em Portugal”.

Outro problema prende-se com o peso sobre a demografia de Portugal, especialmente sobre a população ativa. Maria Filomena Mendes, ex-presidente da Associação Portuguesa de Demografia, aponta para um “impacto brutal”. “É fundamental tomar consciência do efeito que isto terá na evolução demográfica do país, no nosso futuro e no que queremos deixar aos nossos filhos”, avisa.