Em declarações aos jornalistas depois da sua intervenção nas comemorações do 50.° aniversário da Juventude Socialista (JS), o secretário-geral do PS foi questionado sobre a violência contra imigrantes que se registou na última noite, no Porto.
“Desde logo, condenar de forma veemente, sem hesitação, e apelar ao combate a todas as formas de violência. É de facto preocupante, é mesmo até assustador e não acontece só em Portugal”, afirmou, no concelho de Almada, distrito de Setúbal.
Pedro Nuno Santos considerou existir “um discurso e uma atmosfera que incita ao ódio, à divisão, ao ressentimento”, o que “torna o terreno fértil depois para a violência”, que tem de ser “combatida sem hesitação”.
“Portugal é um país que sempre respeitou o outro e nós temos de saber respeitar o outro. Portugal é um país de emigração e nós devemos tratar quem escolheu Portugal para viver e trabalhar como nós exigimos que os nossos portugueses sejam tratados lá fora”, defendeu.
Questionado se ideia de Portugal como um país seguro pode estar ameaçada, o líder socialista rejeitou e sustentou estar em causa “violência com motivação racial”.
“É uma violência, uma criminalidade específica que deve ser combatida por todos nós e não só pelas forças de segurança, mas do ponto de vista discursivo, por todos os que têm responsabilidade política e pelos cidadãos”, salientou.
No seu discurso perante uma sala cheia de jovens, Pedro Nuno Santos afirmou que há quem “se tenha de alguma maneira sentido à vontade para começar a expressar essa violência sobre os outros” e “há discursos que têm responsabilidade, há políticos que têm responsabilidades desde logo do ponto de vista discursivo”.
O secretário-geral do PS disse existir “um ambiente que tem sido fomentado pela extrema-direita, que promove, facilita, estimula e incentiva o ódio” e “o ódio vem normalmente acoplada à violência”.
Pedro Nuno Santos referiu também que a “extrema-direita mente no seu discurso” e destacou que “o contributo que os imigrantes e os trabalhos estrangeiros dão para a Segurança Social é um contributo profundamente positivo, são contribuintes líquidos para as pensões que os portugueses recebem”.
O socialista admitiu que a imigração “lança desafios ao país e aos portugueses”, mas destacou o contributo dos imigrantes também a nível económico.
“O país e a economia portuguesa precisam dos trabalhadores estrangeiros. Há setores que paravam no dia seguinte” sem eles, afirmou, defendendo que o seu contributo “deve ser respeitado, valorizado e referido”.
Seis homens foram identificados e um foi detido, pela posse de arma ilegal, na sequência de agressões a imigrantes, no Porto, segundo o porta-voz da PSP, Sérgio Soares, que atualizou a informação dizendo que o juiz determinou a prisão preventiva do detido.
Na madrugada de sexta-feira, a PSP foi alertada cerca da 01:00 para uma agressão no Campo 24 de agosto, no Porto, contra dois imigrantes por um grupo de quatro ou cinco homens que fugiu antes da chegada dos agentes da Polícia, especificou o porta-voz, indicando que os dois agredidos foram assistidos no Hospital São João.
Cerca de 10 minutos mais tarde, na Rua do Bonfim, 10 imigrantes foram atacados, na habitação onde estavam, por um grupo de 10 homens, munidos com paus e alegadamente com uma arma de fogo, o que a PSP ainda não conseguiu confirmar, referiu a mesma fonte.
Ainda segundo o porta-voz, pelas 03:00, na Rua Fernandes Tomás, outro imigrante foi também agredido, por outros suspeitos, sendo que um deles usava uma arma de fogo.
Dada a suspeita de existência de crime de ódio, o assunto transitou para a Polícia Judiciária.
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