“Sinto-me um privilegiado”, resumiu Hélio Lucas (canoagem), na hora de subir ao palco durante a entrega de prémio de Treinador do Ano na 27.ª Gala do Desporto da Confederação do Desporto Português, no ano em que conquistou três títulos de campeão mundial e um título de campeão de Europa.
Na cerimónia que decorreu no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, para Francisco Neto, selecionador nacional de futebol feminino, este “é um prémio que diz muito a grupo de jogadoras que representa uma geração do passado que lutou para que o futebol estivesse vivo”, reconheceu. “Foi uma afirmação do desporto feminino, a mulher não tem limites e o desporto feminino tem de ser apoiado”, atirou ainda Francisco Neto que levou as Navegadoras ao mundial.
O futebol voltou a subir ao palco do Pavilhão Carlos Lopes e Rui Costa, presidente do Benfica, recebeu a estatueta que tinha como destinatário a Jovem Promessa (já certeza) das águias, João Neves. “É uma carreira que, ao dia de hoje, se espera brilhante. Que seja o primeiro de muitos que possa ganhar na vida dele e que continue com a cabeça no lugar”, apontou o líder das águias.
Entre agradecimentos à “família, namorada, clube e equipa técnica”, sintético de palavras, o benfiquista Diogo Ribeiro, Atleta Masculino do Ano, medalha de prata nos 50 mariposa dos Mundiais Fukuoka2023 (é campeão mundial de 50m e 100m, em 2024), fez questão de confessar ter temido “não chegar a tempo de receber o prémio” porque “terminei o treino às sete e já cheguei aqui às nove horas”, contou.
Maria Martins (ciclismo de pista), Atleta Feminina do Ano, não escondeu a emoção. “Estou muito surpreendida”, afirmou, deixando “uma palavra de agradecimento à minha equipa, que tem estado sempre comigo. Podia estar a enumerá-los, mas eles sabem quem são”, rematou.
Entregues os Óscares do Desporto a quem ainda o pratica ou está no ativo, a 27.ª edição da Gala do Desporto tinha como prato forte da noite a homenagem a Carlos Lopes no ano em que se completam 40 anos da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984.
“Continuem a lutar pelo que acreditam, sejam positivos e aceitem as regras do jogo, mesmo perdendo. (Espero) Que a homenagem incentive cada mais gente a praticar desporto”, disse Carlos Lopes numa mensagem vídeo. “Passei muitas dificuldades e sofri muito a perseguir o que queria, ser campeão olímpico”, salientou antes de subir a púlpito para receber o prémio.
Perante a plateia, Carlos Lopes, 77 anos, não esqueceu o caminho das pedras que percorreu até à glória. “Acho que valeu a pena todos os sacrifícios que fiz ao longo da minha carreira”, assumiu perante o quase meio milhar de convidados.
Um percurso até glória iniciado “mais de 20 anos antes”, recordou ao SAPO 24 após a cerimónia durante a qual aproveitou “para pedir uma cunha ao presidente do Sporting para fazer uma pista de atletismo, que até poderia ser em Odivelas, é mesmo ao lado”, acrescentou.
Daniel Monteiro, presidente da Confederação do Desporto de Portugal, justificou a homenagem a Carlos Lopes, campeão olímpico de Los Angeles 1984. “É da mais elementar justiça fazer esta homenagem a uma verdadeira lenda viva do desporto português, a quem o país tanto deve. Uma referência que inspirou gerações de crianças e jovens portugueses a iniciarem-se na prática desportiva e que abriu a porta à nossa elite desportiva nacional”, constatou Daniel Monteiro.
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