A jornalista do The Guardian, Kate Lyons, acompanhou os ataques da noite de ontem em Londres e deu ontem conta de várias evacuações que tiveram lugar nos locais próximos da  zona circundante de London Bridge. Incluindo pessoas instaladas em hotéis, como foi o caso do australiano Zaven Jordan que foi acordado por um alarme de incêndio.

Quando todos os hóspedes do hotel onde se encontrava instalado se encontravam já na rua, a policia disse-lhes que corressem. “A polícia não nos estava a dar indicações, estava a gritar que corrêssemos”, contou Jordan  ao The Guardian. “Quando um alarme de incêndio dispara, esperamos regressar em poucos minutos. Agarrámos nos nossos passaportes, caso fossem necessários, mas não estávamos nada à espera disto”.

Zaven Jordan, relata o jornal britânico, andou depois pelas ruas de Londres à procura de um local para ficar. Não o atenderam do hotel onde estava, foi recusado noutro e não sabia onde seria seguro ficar.

Outro australiano, o senador Sam Dastyari, estava num restaurante perto da zona da London Bridge quando se deu o ataque. À ABC, descreveu os acontecimentos desta noite como sendo “horríveis” e quão era difícil saber o que se estava a passar enquanto o local estava a ser evacuado. Segundo explicou, as pessoas iam recebendo pequenas informações através de mensagens escritas e de outras pessoas que iam passando.

“As pessoas estavam com medo. Existia uma falta de informação tremenda, apesar de ser algo perfeitamente normal”, disse. “É horrível. Quando fomos retirados do local, estávamos a passar por vítimas a meros 10/15 metros do sítio onde estávamos a comer há apenas 20 minutos. É muito difícil de encarar”.

Dastyari realçou o profissionalismo de Polícia Metropolitana de Londres que rapidamente tomou conta da ocorrência, demonstrando a seriedade das autoridades em relação ao incidente.

Queriam ver Depeche Mode, acabaram por não ter onde ficar

O cordão policial era de tal ordem difícil de ultrapassar que um sem número de pessoas que estavam hospedadas em hotéis na área dos ataques não conseguiram regressar aos seus quartos. Duas pessoas nessas situação eram Elaine e Louise da Irlanda do Norte, que tinham estado no estádio olímpico de Stratford a assistir ao concerto de Depeche Mode. Estavam hospedadas no Premier Inn, em Bankside, mas não conseguiram voltar para o hotel.

"Estávamos no concerto quando as pessoas começaram a enviar-nos mensagens a perguntar se estávamos bem porque algo tinha acontecido na London Bridge e sabiam que estávamos hospedados perto", disse Elaine.

Conseguiram apanhar o metro e regressar a Southwark, mas apenas para descobrir que o cordão policial instalado significava que não havia maneira de voltar para o hotel.

"Agora estamos presas em Londres sem ter para onde ir, sem qualquer tipo de indicação e de pés doridos”, disse Louise.

Ainda tentaram contactar o hotel, mas sem sucesso. Nada lhes restou senão andar às voltas durante uma hora para procurar um lugar para pernoitar. À hora que falaram ao The Guardian, ainda tudo permanecia confuso e a carecer de confirmação.

Não existiam muitas informações acerca do que, confirmou a polícia metropolitana horas depois, seria o terceiro ataque com motivações terroristas no Reino Unido, desde março.

Sem saber muito bem o que esperar, as jovens iam tentar a sorte noutro hotel que lhes pudesse dar guarida durante a noite.

À meia noite e meia, as ruas em redor da London Bridge, fora da área isolada pela polícia, estavam cheias de pessoas que tentavam desesperadamente chegar a casa, acrescenta o The Guardian. Com o metropolitano e os comboios parados e poucos taxis disponíveis a tarefa era tudo menos fácil. Ainda assim, e como tem sido comum acontecer em situações destas, as pessoas ajudavam-se umas às outras, paravam para dar indicações a quem estava mais perdido e consultavam smartphones de forma a ajudar quem não tinha GPS.