“Temos que voltar ao que sempre foram. A despolitização e dispersão das Forças Armadas é absolutamente necessária para o país”, disse Múcio na sexta-feira, dia em que foi anunciado como futuro ministro da Defesa pelo presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Em entrevista à televisão GloboNews, Múcio considerou que durante o mandato de Bolsonaro, cujo mandato termina a 01 de janeiro, “deixou-se que as preferências políticas se agravassem” nos quartéis.

O critério de escolha dos novos comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea voltaria a ser o da antiguidade, prometeu o futuro ministro, que defendeu que as Forças Armadas devem ser uma “organização do Estado que não se mete na política”.

Múcio frisou que os militares “têm mostrado que não apoiam” os protestos de apoiantes de Bolsonaro, muito dos quais realizados em frente aos quartéis do exército, onde os manifestantes apelam a uma intervenção militar contra Lula.

As Forças Armadas, como instituição, “não estão interessadas num golpe”, disse Múcio, que defendeu que são apenas “algumas figuras isoladas”, que tiveram protagonismo no executivo de Bolsonaro, “que estão a tentar politizar” os militares.

Lula da Silva anunciou na sexta-feira os nomes de cinco futuros ministros, incluindo o engenheiro e político conservador José Múcio Monteiro na pasta da Defesa, que volta às mãos de um civil após quatro anos sob o comando dos militares.

Horas depois, o presidente brasileiro em exercício, Jair Bolsonaro, reapareceu após um mês de silêncio e afirmou que “quem decide para onde vão as Forças Armadas” é o povo.

“Hoje, estamos vivendo um momento crucial, uma encruzilhada. Quem decide o meu futuro são vocês, quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês, quem decide para onde vai a Câmara e o Senado são vocês”, afirmou Bolsonaro a centenas de apoiantes na sua residência oficial em Brasília.

O capitão reformado do exército aproveitou a oportunidade para elogiar o papel das forças armadas, “o último obstáculo para o socialismo” e o “grande responsável pela liberdade”, disse.

O presidente, que deixará o poder a 1 de Janeiro depois de perder as eleições de Outubro, também não felicitou Lula nesta ocasião, nem reconheceu abertamente a sua derrota nas urnas.