“O que é exigido dos Estados Unidos da América [EUA] é que reconheçam o Estado da Palestina e não apenas falem sobre uma solução de dois Estados, e este é o momento certo para o fazer”, disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestiniano, citado pela agência de notícias oficial palestina Wafa.

O porta-voz de Mahmud Abbas acrescentou que o Governo israelita “não está preocupado com a paz ou a estabilidade, e ainda se recusa a reconhecer que a paz não será alcançada sem o estabelecimento de um Estado palestiniano independente, com Jerusalém Oriental como capital”.

A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), presidida por Abbas, enfatizou esta posição depois de Benjamin Netanyahu ter dito, na quinta-feira, que expressou a sua oposição aos EUA à criação de um Estado palestiniano como caminho para um possível cenário pós-guerra em Gaza, onde Israel também rejeita que a ANP possa assumir o controlo quando o Hamas for derrotado.

Por sua vez, segundo um comunicado divulgado pelo seu gabinete, Netanyahu garantiu hoje que na conversa de sexta-feira com o Presidente Joe Biden sublinhou a sua oposição “à soberania palestiniana” sobre Gaza num cenário pós-guerra e sublinhou que Israel manterá a segurança e controle sobre o território.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 7 de outubro.

Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os mais recentes números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas cerca de 25.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes – e feridas mais de 60.000, também maioritariamente civis.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 7 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, além de se terem registado 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.